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Arquivo de dezembro, 2017

Santiago, Chile – Veredito do “Caso bombas II”: Juan Flores condenado, Nataly e Enrique absolvidxs

31, dezembro, 2017 Sem comentários

Ontem os juízes autodefinindo-se como representantes do poder, da bondade no mundo e custodiados pelas leis e códigos penais atacaram com suas sentenças aquelexs que desafiavam a ordem estabelecida. Assim como as guilhotinas baixavam, as descargas elétricas desatavam, as forcas espremiam sobre aquelxs irredutíveis depois de grandes processos inquisitórios.

Hoje os tribunais de justiça pretendem despedaçar em anos xs companheirxs na prisão, destruir com a aparente limpeza e de forma acética a vida daquelxs que levantam a cabeça contra esta ordem.

Em setembro de 2014 a promotoria  inicia o processo contra distintxs companheirxs pelos atentados explosivos contra delegacias e lugares vinculados ao metrô. A promotoria processa finalmente Juan Flores, Nataly Casanova e Enrique Guzman sob a lei antiterrorista num longo processo de mais de 3 anos de prisão preventiva e cerca de 9 meses de julgamento.

Hoje, 21 de dezembro de 2018, três indivíduos autodefinidos como superiores ao resto voltaram a se armar de códigos judiciais, leis para decidir que aceitariam e sobre os delírios propostos pelos perseguidores representados tanto pela promotoria, o ministério do interior e vários querelantes particulares ansiosos por cadeias perpetuas, castigos, sentenças e embargos.

Um ritual que legítima, valida e inclusive define sua própria autoridade, finalmente o veredito foi o seguinte:

*Metro Los Dominicos*
Delito principal qualificado como danos + lei de controle de armas: Juan condenado, absolvidxs Nataly e Enrique

*1a Delegaciaa*
Delito principal qualificado como danos + lei de controle de armas:
Juan, Enrique e Nataly absolvidxs

*Sub Centro*
Delito principal qualificado como atentado terrorista: Juan condenado

*Posse de pólvora*

Delito de controle de armas: Juan e Nataly absolvidxs.

Então a situação particular de cada companheirx ficou da seguinte forma:

Nataly e Enrique: absolvidxs de todas as acusações.

Juan Flores: culpado de (Metro Los Dominicos), porte e detonação de artefato explosivo + danos + 6 lesões menos graves e (Subcentro) colocação de artefato terrorista + dano moral.
 
Pela primeira vez o tribunal utiliza a lei antiterrorista para condenar, depois de uma série de rechaços nos anteriores processos (Caso Bombas, contra Victor Montoya, contra o companheiro Luciano Pitronello, contra o companheiro Hans Niemeyer, entre outrxs) às pretensões da promotoria este veredito é chave e histórico nesse aspecto, validando o uso da lei antiterrorista nesta última década.

No veredito também ficou evidente as contínuas incongruências, contradições e delírios científicos dos peritos de DNA que acabaram sendo inconduzentes a qualquer resultado no tribunal. A besteira da polícia científica da LABOCAR somente comprovou o uso intencionado e direcionado das  perícias para sustentar as teses dos acusadores.

Finalmente em 15 de março de 2018, será realizada a leitura da sentença, onde será entregue os detalhes do veredito, além da quantidade de anos de condenação para o companheiro Juan Flores, na tarde de hoje xs companheirxs Enrique Guzman e Nataly Casanova abandonaram a seção de segurança máxima e a prisão de San Miguel, respectivamente.

Com aqueles antecedentes tanto a promotoria como a defesa, resolverão se tentaram a nulidade do processo.

Nataly e Enrique: Bem-vindxs de volta à rua com todo o carinho de famílias, filhxs, amigxs e companheirxs!

Toda solidariedade insurrecta com o companheiro Juan Flores!

Abaixo a lei antiterrorista, abaixo o Estado policial!

—–

Atualização sobre o companheiro Enrique Guzman

Ontem, logo depois de ter saído da prisão, o companheiro Enrique foi novamente detido.

Isso pelo afã da parte acusadora que o acusou de ameaças a um dos advogados da parte querelante.

Enrique passou pelo controle de detenção por volta das 11 horas, onde ficou com ordem de restrição mas não conseguiram  a prendê-lo novamente.

Fontes: Publicación Refractario e Frente Informativa

Roma, Itália – 06 carros da companhia de energia ENI queimados dia 01/12

21, dezembro, 2017 Sem comentários
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Roma, 1 de Dezembro.

06 carros compartilhados da Eni-Trenitalia [desenvolvido pela companhia de gás e petróleo em parceria com a Fiat e a Trenitalia, principal operadora de trem pertencente ao governo italiano] pelo seu envolvimento na Líbia.
Vamos atacar a ENI em todos os lugares.

Solidariedade axs detidxs e axs acusadxs na Operação Scripta Manent em Florença, axs companheirxs atingidxs pela repressão pelos carros de polícia incendiados na França e na Polônia, axs acussdxs do Passo do Brennero e para todxs aquelxs que não se dobram para essa podre existência. Uma saudação à Krem na solitária.

Santiago, Chile – Atentados incendiários contra agências bancárias em memória do companheiro Sebastián Oversluij

21, dezembro, 2017 Sem comentários

Durante a madrugada de 14 de dezembro de 2017, mãos anônimas agiram de forma evidentemente coordenada depositando distintos artefatos incendiários em agências do Banco Estado na cidade de Santiago.

O primeiro artefato incendiário foi encontrado numa agência do Banco Estado localizada no número 28 de gran avenida, por volta das 02:00 da manhã, ao ser descoberto por um transeunte que haveria entrado para utilizar o caixa. Rapidamente mobilizaram a polícia, GOPE, Labocar e membros do Ministério Público Sul. Mas a noite estava apenas começando…

Na comuna de Maipu, a agência do Banco Estado na rua Alfredo Silva Carvallo 1774 começa arder desde seu interior produto da ativação de um artefato incendiário, tendo que ser acudido pelos bombeiros para apagar as chamas do incêndio.

Finalmente na comuna de Pedro Aguirre Cerda, especificamente na avenida central com Calbuco, um terceiro artefato incendiário foi desativado pela polícia.

Segundo assinalado pela imprensa e pela polícia, os artefatos eram compostos por garrafas de combustível, pilhas e um sistema de relógio. A causa novamente é levada pela “Promotoria metropolitana sul”, dedicada a ataques explosivos e incendiários.

A intendência metropolitana, por sua vez, queixou-se, e assim declara Claudio Orrego: “Vinculadas (os artefatos incendiários) aparentemente com a morte de um anarquista. A verdade que independente da causa, a violência e uso de artefatos explosivos, nos parece absolutamente fora de lugar num sistema democrático como o nosso. Nós vamos nos queixar nesses três casos e a promotoria já está iniciando as investigações através da OS9 de carabineros”.

Nos três ataques incendiários foram encontrados panfletos em memória e lembrança do companheiro anarquista Sebastián Oversluij, os quais não foram difundidos ou mostrados pela imprensa. Recordamos que o companheiro anárquico-niilista Sebastián Oversluij participou no assalto bancário a uma agência do Banco Estado na comuna de Pudahuel em 11 de dezembro de 2013, depois de entrar no templo da acumulação capitalista armado com uma submetralhadora o miserável guarda do banco William Vera repele o assalto assassinando o companheiro anarquista.

Vídeo da imprensa: 24 horas.

Santiago, Chile – 21 de dezembro, concentração em solidariedade com Juan, Nataly e Enrique

21, dezembro, 2017 Sem comentários

Fonte: Publicación Refractario
Tradução: Turba Negra

Abaixo a indiferença!
Solidariedade não é uma palavra vazia, são as ações para romper as cadeias!
Solidariedade absoluta com xs compas Nataly, Juan, Enrique
e todxs xs presxs revolucionárixs.

México – Comunicado anarquista para aquelxs que apoiam o Congresso Nacional Indígena

21, dezembro, 2017 Sem comentários

Fonte: Act For Freedom Now
Tradução: Turba Negra

“De que vão nos perdoar?
De ter trazido rifles para combater em vez de arcos e flechas?
De ter aprendido a lutar antes de fazê-lo? ”
Subcomandante Insurgente Marcos

Xs anarquistas e outras individualidades libertárias, vemos na representação eleitoral uma fraude para os processos de libertação individual e coletiva do povo: entrar nos mecanismos legais, públicos e simbólicos do ESTADO, é delegar a nossa liberdade para que outros decidam por nós, o que que em termos práticos é traduzido na resignação voluntária à nossa capacidade de eleição e ação, isto é, a resignação voluntária para exercer nossa liberdade.

Quer esteja sob o controle de capitalistas, burocratas, indígenas ou trabalhadores, o ESTADO em si é o antagonismo da liberdade pessoal, ambiental e social das pessoas. Por que dizemos? Porque, de fato, é a organização máxima de controle, vigilância, coerção e repressão que a humanidade civilizada criou; Por esta razão, é absurdo para nós que a candidata Marichuy do CNI (Congresso Nacional Indígena) adote os mecanismos legais, simbólicos e morais que o Estado legitima para exercer o poder: ao fazê-lo, o máximo carrasco da liberdade está sendo legitimado. Sabemos muito bem que eles não querem chegar ao poder, nem governar a nação, nem que podem ganhar eleições, o problema que temos com sua candidatura é algo mais sério em nossa opinião, nos referimos à moral que Marichuy imprime à população, essa moral do Pastor e do rebanho, que é a moral dos porta-vozes, líderes, sacerdotes, burocratas, profetas, empresários e partidos que orientam a população com o argumento de representar a vontade das maiorias, negando-as desta forma – as pessoas e os povos – a liberdade de ação imediata para conquistar sua liberdade, uma vez que os representantes políticos são filtros, bloqueios, dispensadores, que limitam e/ou impedem ações diretas para que pessoas e povos dêem a si mesmos a liberdade e dar conta que para fazê-lo, você não precisa de intermediários.
A seguinte nota:

A lógica daquele que manda e obedece, do amo e seus fiéis, do tirano e seus escravos, dos burgueses e seus empregados, do porta-voz e seus partidários. É a velha canção de obedecer ao que manda, porque ele sabe, porque ele supostamente conhece o caminho certo para todos em qualquer momento e lugar. Essa moral é, em particular, o pastor que conduz seu gado ao matadouro. Besteira! É absurdo acreditar e apoiar líderes carismáticos que lhe prometem a libertação, uma vez que a liberdade e o bem-estar não podem ser concedidos por ninguém, é aquele que deve procurá-los através do autocuidado, da solidariedade e do apoio mútuo que não requer grande organizações ou partidos, mediadores simpáticos ou projetos de massas que requerem uma grande organização onde a agência de indivíduos é reduzida a uma coletivização dogmática de um projeto político.

Não queremos nem aceitaremos ser governados por nada e ninguém, lutaremos até a morte todas as formas e projetos de governo, controle e coerção; portanto, este slogan do “Conselho do GOVERNO indígena” causa desgosto, pois sabemos que todo governo é força e repressão – como diz o CRASS – ou como foi apontado e declarado por P.J. Proudhon: “Ser governado significa ser observado, inspecionado, espionado, dirigido, legislado, regulamentado, embutido, doutrinado, lido, inspecionado, estimado, apreciado, censurado, enviado. Ser governado significa ser registrado, registrado, registrado, selado, medido, avaliado, citado, patenteado, licenciado, autorizado, apostilado, admoestado, conteúdo, alterado, alterado, corrigido, ao realizar qualquer operação, qualquer transação, qualquer movimento. Significa, sob pretexto de utilidade pública e em nome do interesse geral; ser forçado a pagar contribuições, ser inspecionado, monopolizado, depredado, pressionado; depois, com a menor queixa, reprimida, multada, injuriada, maltratada, desarmada, apreendida, presa, julgada, condenada, deportada e, além disso, zombada, ridicularizada, indignada e desonrada. Esse é o governo, essa é a sua justiça e sua moral! “(1851) [i]

Venha de quem vier, sempre rejeitaremos propostas para serem dirigidas e organizadas por um líder carismático ou por porta-vozes de vontade popular que realmente representam a si mesmos e os seus lacaios sedentos de exercer o poder. Não importa se quem quer governar é mestiço, negro, branco ou indígena, quem planeja e executa projetos para governar, faz propostas para controlar as vontades alheias as suas, negando, portanto, a liberdade intrínseca de que não temos apenas seres humanos, mas todos os seres vivos. A decisão de agir DIRETAMENTE sobre nossas vidas é cancelada por esse aparato moral e social que chamamos de democracia, direta ou representativa. Sabemos que sua campanha não fazem pelos votos (apesar de fazê-lo pelo poder que o INE concede através do Estado) e o que eles procuram é um apelo à organização, mas essa chamada é a mensagem do pastor para suas ovelhas, do mestre aos seus servos. Obedecer as ordens do CNI implica que as pessoas não estarão organizando por si mesmas, mas pelos interesses de seus líderes e seu desejo de exercer o poder sobre a sociedade, isto é, GOVERNAR; As pessoas simpatizantes de Marychuy estão se organizando pela moral implícita de seguir o líder que promete esperança de libertação. Eles dizem que o fazem por estratégia. Qual estratégia? A de defender pelos mecanismos do Estado ao território mexicano do extrativismo neoliberal com o qual eles deveriam estar em guerra? Como eles pretendem alcançar isso quando os mecanismos que eles estão realizando atualmente – solicitar que o INE (Instituto Nacional Eleitoral) registre Marychuy na cédula para as eleições federais de 2018, por exemplo – são mecanismos que pactuam com os carrascos do Estado e da indústria, que neutralizam os legítimos projetos de autonomia e PACIFICAM AS INSURREIÇÕES que realmente procuram acabar com qualquer forma de governo, incluindo formas de governo de esquerda.

Lendo os múltiplos comunicados, entrevistas e observando inúmeros documentários do EZLN e da CNI, percebemos que sua estratégia é NACIONALISTA e, portanto, proclamam implicitamente os valores de territorialidade nacional que equivalem a manter que uma série de fronteiras territoriais que deve ser protegidas por um exército e protegido dentro pela polícia, ou seja, uma ordem nacionalista voltada para vigilância, punição, coerção, sofrimento, submissão a uma série de leis legais que protegem os interesses dessa coletividade fanática, ortodoxa, orgulhosamente racistas que chamamos México. O mesmo Subcomandante Marcos diz que eles perceberam que no momento de lutar contra o governo que não estavam enfrentando o Estado, mas sim um poder extra-nacional que é o capitalismo global, então: é por isso que eles deram sua luta aos mecanismos de Estado para proteger a nação mexicana dos grandes capitais, com a esperança de que os aparelhos burocráticos, policiais e militares limitem a invasão do capital estrangeiro? Absurdo! O território, a natureza, os povos, as individualidades, sabem e podem se defender sem mediadores e apenas por mediadores (Estado/líderes/burocratas), é que as florestas e as comunidades estão sendo destruídas, porque limitam a capacidade de ação, defesa e ataque contra a investida do projeto de civilização industrial. Sabemos muito bem que, diante da indústria e do Estado, implica enfrentar diretamente a polícia, o exército, os paramilitares e mesmo a própria sociedade civil, que vê na destruição da natureza uma forma de progresso, mas só no enfrentamento direto com os carrascos da Vida, é como as coisas são realmente defendidas, e não através de mecanismos democráticos, legais e pacifistas. Os movimentos pacifistas e legistas acabam sendo esmagados pelo estado quando ocorrem disputas territoriais, por exemplo, quando as comunidades rurais se opõem a algum mega projeto: há detidos, presos, torturados e mortos, depois de alguns anos o mega projeto está instalado e todos os esforços são inúteis, acontece – e é o mínimo dos casos – que a legalidade do Estado falha a favor das comunidades e suspende o mega projeto, mas acontece o mesmo, que o mega projeto ainda está aberto, latente , apenas adiando sua implementação, aguardando o momento em que a lei (os juízes) deu melhores condições para sua execução. Sim, a terra será defendida, os rios, se for lutar contra a gentrificação, é feito diretamente, sem mediações e sem posturas ridículas de pacifismos que apenas servem para reproduzir as lógicas de vitimização. Estamos fartos de todas as organizações de direitos humanos que vivem pegando recursos estatais para fazer documentários e registros de como as comunidades e as individualidades são brutalmente reprimidas, fartos de que mediem as lutas, fartos de que envolvam demandas na suposta defesa de pessoas afetadas pelo Estado, demandas que nunca são cumpridas. Absurdo é que o mesmo Estado castigue a si mesmo!

Aquela paz pregada pela legalidade é a paz do cemitério, é por isso que vemos na luta frontal contra a industrialização e o Estado, a única maneira de defender nossas vidas da devastação que acontece todos os dias. Devolver golpe por golpe, morte por morte aos carrascos é a única maneira de vencer aqueles bastardos leva vidas. Não queremos a paz, queremos a vitória! Sabemos que vocês dizem que é impossível derrotar o Estado, mas acontece que é possível, quantas vezes as insurgências acabaram com a dominação estatal, quantas vezes os projetos libertários triunfaram: muitas, muitas vezes! Mas aconteceu que, os esquerdistas que ansiavam pela velha ordem, devolveram à sociedade a organização do Estado e, com ela, o Governo e com o governo os mecanismos de controle, vigilância, punição e submissão que impedem a liberdade de todos os seres vivos, nos referimos assim, porque não importa só a liberdade de nossa espécie, mas a de todas.

Agora, antes de sentir desprezo – o que sabemos que alguns já sentem – para nós anarquistas e nossa postura indomável para lutar contra qualquer forma de controle, governo ou partido que seja de direita, centro ou esquerda, lembrem-se de que o movimento anarquista foi aquele que provocou e iniciou a Revolução Mexicana – nunca descartando métodos violentos – lembrem-se de que Emiliano Zapata foi influenciado decisivamente pelos anarquistas em sua ideologia revolucionária – apesar de que os magonistas se recusarem, em 1913, a unir forças com suas fileiras considerando sua luta limitadamente regionalista e reformista[1], lembrem-se de que a frase Terra e Liberdade é uma frase de origem anarquista, lembrem-se de que a frase para todos tudo, para nós nada – que todos pensam que é do Sub – é uma frase dos irmãos Flores Magón, anarquistas que foram presos e mortos por nunca aceitar, pactuar ou negociar com o Estado. É por isso que, a partir de uma análise histórica e atual da situação, a estratégia da CNI é um desperdício de energia, consideramos contraproducente a pacificação das lutas que a candidatura de Marichuy está causando, porque essa candidatura significa o pacto e a negociação com os carrascos que administram o Estado, isto é, admitir e reconhecer o governo em sua função supostamente legítima de Controle, Vigilância e Punição sobre as pessoas. É submeter-se aos calendários institucionais daqueles que mandam e dos que obedecem. Por que visualizar sua luta através de uma candidatura que ocorre nos marcos de tempo e espaço das eleições federais? Para invadir no poder Estatal? Para nada! Só fazem o jogo do Estado, só acabam por legitimar explicitamente e acatar implicitamente as determinações e ordens dos que governam e administram esse massacre que se chama progresso, que se chama Estado e indústria.

Agora, temos outra coisa a dizer – isto é, mais coisas – queremos questionar os estatutos que o EZLN tem como uma carta de apresentação e que muitos de seus seguidores tomaram sem crítica: para começar, do título de “Bom Governo” a coisa está ficando feio o suficiente, porque não pode haver bons governos, porque – como já foi reiterado muitas vezes – o governo é vigilância, punição, controle, obediência; Em relação à obediência, o primeiro ponto da carta de bom Governo do EZLN diz “Obedecer não mandar” essa lógica só favorece aqueles que justamente mandam nos governos e partidos (Quão inteligentes são os líderes do EZLN e do CNI!) Um dos maiores problemas da humanidade foi e é a obediência massiva; os grandes problemas da humanidade foram dados apenas para obediência e não por desobedecer. Quanto ao segundo ponto que diz “representar e não suplantar” Por acaso representação – em termos políticos – não é suplantar o outro porque esse outro forçou ou voluntariamente sua vontade de agir? Para representar politicamente, como foi dito desde o início deste texto, é negar às pessoas a capacidade de agir diretamente por sua liberdade e destino. Essa dinâmica de representação política é uma dinâmica confortável para as classes média e alta que veem na CNI e MORENA (partido de esquerda) uma esperança para a Mudança sem ter que manchar suas roupas e mãos? Quanto ao quarto ponto que diz “Servir, não se servir” É apenas uma moral dos escravos, que beneficia aqueles que governam em grandes organizações políticas, seja de centro, direita ou esquerda, é uma lógica que ajuda os porta-vozes/dirigentes/líderes dos partidos como é o CNI. O quinto ponto diz: “Baixar, não subir” outro valor de escravos, de vitimização e auto humilhação, de modo que os sujeitos que estão em cima, estejam eternamente. Para nós, se trata nem de subir nem de baixar, mas construir novos mundos horizontalmente (sem baixar ou subir politicamente), que de diferentes maneiras são iguais, sem rebaixamento político! Quanto ao último ponto que diz “dar vida, não tirá-la”. Para nós, essa frase é a mais delicada, porque a vida é o mais precioso, o mais belo da existência, então dar isso para um partido político, para o líder carismático ou os dirigentes e seus valores democráticos e populares nos tornam absurdos: a lógica do mártir também é moral para escravos, que se sacrificam por causas que muitas vezes nem compreendem nem são inteiramente suas. Para nós, para dar vida pra lutar contra o Estado, a industrialização da existência, não é um sacrifício, nem um dever instituído nas normas sociais, pelo partido ou da vontade popular, mas os compromissos que assumimos desde o momento em que decidimos ser livres e ser livres através da ação direta, sem mediadores que vivam como parasitas do poder e obediência daqueles ao seu redor e continuam… e para nós matar um banqueiro, cacique, biotecnólogo ou o fascista do seu bairro, é algo bonito, uma bela violência que não anseia a paz, mas a vitória; É feio, terrível matar, mas às vezes é necessário tirar vidas, depende do contexto e porque é feito, mas nunca transformaríamos em um mandamento, nem em um estatuto moral de uma “carta de bom governo”… e sim, preferimos dar vida do que tirá-la, mas às vezes para dar, é necessário matar aqueles que assassinam a Vida com os projetos industriais onde o Estado é o escudo principal para realizá-los.

Esta carta foi escrita por anarquistas que amam a liberdade, por alegres sabotadores de governos e empresas. Que criticamos a CNI com tanta dureza e alguns aspectos do EZLN não significam que nos opomos, em qualquer momento, as lutas legítimas pela liberdade e libertação dos povos originários da América e do mundo, ao contrário, somos cúmplices de todos esses “índios” que se negam ao progresso, que sabotam máquinas, que fazem bloqueios e barricadas para frear o progresso ecocida dos mega projetos de morte, somos cúmplices de todos aqueles que enfrentam o poder diretamente, que resistem e mais que resistem combatem golpe por golpe, morte por morte aos governos e as empresas assassinas, que afinal são mesmo lado da mesma moeda. Nós, anarquistas e outros indivíduos libertários e coletivos, sofremos ameaças de morte, perseguições, prisões, morte de companheirxs e, portanto, sabemos perfeitamente o que significa lutar sem trégua contra os carrascos que exercem o poder da economia e da legalidade industrial e civilizada, mas não por essa razão nos assumimos como vítimas ou negociamos com o Estado e as empresas, pelo contrário, nos assumimos cada vez mais como guerreiros que atacam clandestinamente, dando golpes estratégicos, duros e letais ao sistema da morte nos pontos onde mais dói… e no cotidiano continuaremos tecendo redes de afinidade, realizando uma projetos infinitos projetos autogestivos, dando apoio a todos os projetos autônomos e liberação das populações que assim decidiram. Esta crítica é porque vemos na candidatura de Marychuy coisas que, longe de avançar a libertação, atrasam-na; o apoio às comunidades indígenas do México e do mundo pelos anarquistas sempre esteve lá… e continuará sendo, porque um dos problemas mais sérios da humanidade tem sido o colonialismo e não vamos parar de lutar até que o vejamos queimar nas chamas da ação direta.

28 de Novembro de 2017, desde algum lugar do México.

Algumxs anarquistas pela Anarquia

Notas

[i] Proudhon, P.J. (1851), ideia geral da revolução no século XIX.

[1] No livro Magonismo: História de uma paixão libertária 1900-1922 de Salvador Hernández Padilla, são coletados alguns dados que expõem as diferenças e conexões entre o zapatismo e o magonismo anarquista. Entre as informações destaca a correspondência pessoal entre Emiliano Zapata e membros do Conselho Organizador do Partido Liberal Mexicano.

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Santiago, Chile – Transmitirão ao vivo a leitura do veredito contra Juan, Nataly e Enrique

21, dezembro, 2017 Sem comentários

Fonte: Publicación Refractario
Tradução: Turba Negra

 

Finalmente dia 21 de dezembro de 2017 às 11:00hs o tribunal lerá a sentença contra xs companheirxs Juan Flores, Nataly Casanova e Enrique Guzman.

Durante esta jornada o tribunal decidirá a qualificação dos atentados às delegacias, o vagão do metrô Los Dominicos e sub centro, qualificando se são delitos terroristas ou não. Também decidirá se xs companheirxs são “inocentes” ou “culpadxs” dos delitos.

No caso de haver “condenações”, a quantidade de anos será fixada em uma audiência posterior.

Quem quiser, pode assistir a transmissão ao vivo feita pelo próprio tribunal no link

 
Solidariedade com xs companheirxs Juan, Nataly e Enrique!!
Sempre firme, sempre dignxs diante do que vier!

Indonésia – Solidariedade contra NYIA (Novo Aeroporto Internacional de Yogyakarta) em Makassar e outros lugares

20, dezembro, 2017 Sem comentários

Fonte: Insurrection News
Tradução: Turba Negra

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Fotos de ações recentes (molotovs, faixas, murais) em Makassar e outros lugares na Indonésia contra NYIA. Encorajamos a solidariedade dxs companheirxss internacionais para parar ou destruir a megamáquina completamente!

As seguintes empresas europeias estão envolvidas no projeto de construção:
AGA-Letiště, s.r.o. (Praga, Chéquia)
Mott Macdonald (Londres, Inglaterra)

Colaborador local:
Embaixada da Indonésia

CONTRA O CAPITAL E O ESTADO

(via Agitasi)

Berlim, Alemanha – Rigaer94 – Chamada para resistência e publicação de cartazes

20, dezembro, 2017 Sem comentários

Fonte: Insurrection News
Tradução: Turba Negra


O estado policial desencadeia toda a gama de possibilidades: no início desta segunda-feira, provavelmente 100 rostos de pessoas, que participaram dos eventos de Hamburgo, foram publicadas. A campanha do estado produziu completamente o disfarce de acusação e começou um esfregaço, que deveria quebrar qualquer tipo de resistência. Não vamos ficar em silêncio sobre esses incidentes, este ataque geral sobre os últimos elementos sociais e resistentes restantes. Queimar essa sociedade de delatores e assassinos e o fascismo na fogueira é um dever ainda não cumprido.

É claro para todo ser humano razoável, que o episódio de Hamburgo era absolutamente necessário. As mentiras e os falsos debates das autoridades de repressão e o sistema conformista e a direita não conseguiram reescrever a resistência bem sucedida contra o G20. Em um dos regimes democráticos mais seguros de todo o mundo com um aparato de poder diferenciado e a imagem da invencibilidade, dez mil pessoas se atreveram a assumir, assumindo grandes riscos e, em parte, consequências graves para suas próprias vidas. Uma composição de protestos, ações resistentes e ofensivas transformou a cúpula dos poderes governantes em um desastre. Um desastre para a marca de Hamburgo, Alemanha e os mais poderosos deles, cuja reunião mais importante agora tem um futuro imprevisível.

Um desastre é o que a cúpula foi também para a polícia. Esta instituição que teve, no império alemão como na Alemanha fascista e a democracia nunca foi apenas o executivo, mas antes de mais o poder de legitimação desta nação de assassinos e perdedores. Todos sabemos quão profundamente enraíza a ideologia do estado policial em nossa sociedade.

Uma sociedade que jogou Rosa Luxemburgo morta no Landwehrkanal, mesmo atrás de uma estante perseguiu Anne Frank e enviou-a, com milhões de outros “subhumanos” para os campos da Morte; Essa sociedade que no final declara um exército alemão-nacional* como a “resistência”, é fascista. O aparelho de segurança do BRD, formado pelos mesmos açougueiros que caçavam partisans e antifascistas pela nação alemã em toda a Europa sem piedade, é fascista. A sociedade em geral e os poderes executivos se reuniram na caça dos comunistas e levaram a maquinaria contra os grupos de guerrilha que, felizmente, meteu bala no fascista alemão Hans-Martin Schleyer até um momento que nunca se viu a perfeição, apenas alguns anos depois do “libertação”.

Os rostos da resistência foram colados em cartazes de procurados em cada esquina, em cada cruzamento que se esperava ser controlado por policiais fortemente armados, a reintrodução da sentença de morte foi levada em consideração e colocada em prática através do trabalho da polícia. O discurso na sociedade, dirigido pela equipe de mídia, política e polícia, desencadeou inúmeros tiroteios fatais, tortura branca e leis especiais contra grandes partes da sociedade. O estado policial, ainda na sua infância no momento do assassinato de Benno Ohnesorg e sob ameaça permanente de uma revolta, desenvolveu ao longo dos anos um estado dentro do estado. Com o fim da guerrilha urbana e dos novos movimentos sociais, enfrentamos uma sociedade incapaz de produzir uma oposição relevante contra esse sistema. Nem mesmo quando as pessoas são cruelmente torturadas e assassinadas nos bunkers das delegacias como Oury Jalloh de Dessau, que foi queimado vivo por um porco fascista.

O único fator retardador na perfeição do estado policial totalitário parece ser o procedimento cuidadoso dos principais estrategistas, para não suscitar muita preocupação com ativistas conservadores de direitos civis.

Como nós, eles têm menos e menos meios e apoio em uma sociedade civil que decidiu, o que o Estado faz não pode estar errado; O que a imprensa diz é certo, a resistência é sem sentido.

Os tempos dos protestos da zona de conforto definitivamente passaram. A este respeito, a sociedade alemã chegou ao ponto novamente, onde não existe desde 80 anos. Estas são as principais inovações e desafios para a resistência:

A mera participação em uma manifestação pode significar um longo tempo na prisão.
A polícia pode definir áreas, onde sua própria lei está em vigor.
A polícia pode classificar qualquer pessoa como potencial ofensor (‘Gefährder’)**, para poder aprisionar as pessoas sem uma decisão judicial e supervisioná-las completamente.

Antes da cúpula do G20, medidas contra as pessoas da resistência foram tomadas. Pessoas, que são classificadas pela polícia como infratores em potencial, receberam proibições para não chegarem a Hamburgo. A obrigatoriedade de registro na polícia foi emitido e executado sob ameaça de serem punidas com multa e prisão. Além disso, observações visíveis com o propósito de intimidação e com certeza a vigilância secreta da área foram feitas.

Não há necessidade de mais explicações de que, durante a cúpula, a cidade de Hamburgo totalmente foi controlada pela polícia, o que levou à “adaptação” de direitos civis e violência maciça pelas tropas policiais fortemente armadas.

As atividades policiais antes e durante a cúpula não mostraram uma nova qualidade. Todo evento importante do passado foi acompanhado por ataques do aparelho de segurança em convenções societárias. Mas a massa de ataques e sua implicação com a qual eles foram exercidos contra formas de protestos antes evidentes em Hamburgo foram notáveis.

O que foi iniciado após a cúpula é um salto qualitativo. Há aqueles que afirmam que os tumultos foram iniciados pelo estado para esmagar estruturas de resistência em uma campanha final. Essa linha de pensamento é uma besteira, como sabemos que todos queríamos politicamente o desastre do estado em Hamburgo. Para pôr um fim nessas teorias de conspiração de uma vez por todas, assumimos a responsabilidade política por tudo o que aconteceu em Hamburgo: desde protestos civis até a última pedra que foi lançada nos policiais. Como parte das estruturas rebeldes, pedimos uma manifestação em solidariedade com todxs xs que enfrentam a repressão pouco depois da cúpula, no futuro também não nos esconderemos da responsabilidade de promover a revolta. Aqueles que só veem uma conspiração estatal por trás de tudo estão incapacitando a resistência em todas as suas propriedades e não têm legitimação para falar em seu nome.

Está claro agora, que o estado está lutando pelo seu poder de definição em relação a este evento, da mesma forma que procura dominar tudo. Sobre nossas vidas e estruturas sociais, a natureza e as técnicas. Nesta batalha pela ideia capitalista e nacional, o estado sempre usará os meios do fascismo. É sempre o mesmo método sendo usado uma e outra vez para denunciar a resistência como criminosa, não política e não-social***. Ao fazê-lo, o Estado alemão pode contar com a polícia, a mídia e o povo com seus representantes. É difícil dizer, quem é a mais desagradável dessas criaturas. É o chefe do grupo de investigação especial “Black Block”, que poderia perseguir qualquer um e todos ficaram à frente de suas presas? Ou é Brechmittel-Scholz****, que representa a burguesia suja de Hamburgo com suas limusines de luxo? Ou os jornalistas são o poder executivo da propaganda da polícia. Ou os colaboradores com as filmagens de seus smartphones entregando milhares de pessoas às mãos da repressão porque são covardes que temem assumir o controle sobre suas próprias vidas e amariam marchar trás de cada Hitler.

Algumxs de nós estávamos rindo sobre a última onda de incursões, que foi vazada antes. Ou sobre o fato de que Fabio, o menino simpático, está se tornando um problema para a estratégia de repressão. No entanto, a estratégia policial não deve ser subestimada. Uma parte importante da estratégia envolve uma propaganda de longo prazo para recuperar o poder da definição sobre os eventos de Hamburgo. Quem poderia acreditar que vários meses depois, o G20 ainda estaria na agenda diária graças a freqüentes conferências de imprensa organizadas pela polícia? E quem poderia acreditar que a propaganda profissional com recursos quase infinitos falharia sem nossa contribuição?

É por isso que nós – neste momento da extensa perseguição – renovamos nossa confissão para a luta contra o Estado, as organizações fascistas como a polícia, os serviços secretos e as estruturas da direita, bem como colaboradores e delatores na população e na imprensa. Fabio e todxs aquelxs que, mesmo no tribunal, mantêm sua posição direta, são nossxs modelos para desafiar o medo e enviar saudações de liberdade e solidariedade a todxs aquelxs que enfrentam a repressão e o mundo do G20.

Na ocasião da caçada e por causa dos pedidos de denúncia das 100 pessoas, decidimos publicar fotos de 54 policiais, que fizeram parte dos últimos anos de desalojo de Rigaer94. Ficamos felizes em receber dicas de seus endereços privados. Eles podem ser responsabilizados pelo desalojo, bem como pela violência das três semanas de ocupação.

É importante agora, pôr fim à nossa atitude de espera e capacitar a mobilização e a solidariedade das estruturas ativas. A manifestação após a onda de incursões foi um ponto de partida*****. Mas com as próximas incursões, temos que crescer em números. Se não temos outros meios, pelo menos temos que ir às ruas para assumir a responsabilidade pelos nossxs amigxs que são caçadxs pelo estado.

Todxs às ruas! Determinadxs e furiosxs, lutamos contra a ordem dominante e permanecemos fortes diante da repressão!

(traduzido do Rigaer94.squat.net)

* Stauffenberg foi um general do alto escalão que tentou matar Hitler. Ele era membro da aristocracia, que basicamente criticou Hitler por uma estratégia ruim.

** “Gefährder” é um termo criado pela polícia alemã e amplamente utilizado no debate público para estigmatizar e criminalizar pessoas muçulmanas. O uso contra esquerdistas e anarquistas é bastante provável que seja amplamente adotado.

*** Originalmente “asozial”, algo entre anti-social e não social.

**** Brechmittel-Scholz: prefeito de Hamburgo, que é conhecido por ordenar o uso de veneno (Brechmittel) pela polícia que faria com que as pessoas vomitassem para descobrir se tivessem usado drogas.

***** No dia 5 de dezembro, a polícia reprimiu várias casas de pessoas que foram identificadas como participantes de um bloco que foi atacado pela polícia na rua Rondenbarg durante a tentativa de bloquear a cúpula. Como reação houve manifestações nas principais cidades de toda a Alemanha.

Santiago, Chile – Concentração-Marcha fora dos tribunais e data do veredito contra xs compas

19, dezembro, 2017 Sem comentários

Fonte: Publicación Refractario
Tradução: Turba Negra


Solidariedade absoluta com xs compas Nataly, Juan, Enrique e todxs xs presxs revolucionárixs.
Abaixo a indiferença!
Solidariedade não é uma palavra vazia, são as ações para romper as cadeias!

***

O tribunal fixou para quinta-feira, 21 de dezembro de 2017 às 09:00 da manhã, a leitura do veredito contra xs companheirxs Juan, Nataly e Enrique no chamado “Caso Bombas II”.

Sempre atentxs: Solidariedade com Juan, Nataly e Enrique!!!

Estados Unidos – Dezembro Negro – Memória é uma arma

18, dezembro, 2017 Sem comentários

Fonte: Insurrection News
Tradução: Turba Negra

“Quanto aos setenta e cinco anos, não estou realmente preocupado, não só porque tenho o hábito de não preencher frases nem de esperar em liberdade condicional ou qualquer absurdo, mas também porque o estado simplesmente não vai durar setenta e cinco ou mesmo cinquenta anos “- Kuwasi Balagoon, 9 de dezembro de 1983

“Para meus amigos e apoiadores para ajudá-los a entender todos esses eventos que aconteceram tão rapidamente. Certas culturas humanas travaram guerra contra a Terra há milênios. Eu escolhi lutar no lado de ursos, leões de montanha, gambás, morcegos, saguaros, penhasco e todas as coisas selvagens. Eu sou apenas a vítima mais recente nessa guerra. Mas esta noite eu fiz uma pausa na prisão – volto para casa, para a Terra, para o lugar das minhas origens “- William” Avalon “Rodgers, 21 de dezembro de 2005

A memória é uma arma – uma que muitas vezes negligenciamos para agitar  nossas batalhas. É fácil, preso como estamos nas marés do progresso, para esquecer o que e quem veio antes de nós, que queimou caminhos que agora servem como marcadores de trilhas para insurgentes. Esquecer é se perder em uma floresta. Esquecer é não ter história.

O gesto de lembrar é um gesto desafiante. Contra nossa lobotomização pela tecnologia. Contra a esterilização da história pelas escolas do estado. Contra a pacificação das vidas revolucionárias pela história oficial e suas narrativas de progresso. Contra a amnésia que apaga os exemplos daqueles que pagavam pela liberdade com suas vidas. Para começar a combater esta sociedade, sua autoridade podre e suas ideologias venenosas, devemos nos lembrar.

Dezembro agrava-se sobre nós, mas também acende incêndios inextinguíveis.

Lamentamos Alexandros Grigoropoulos, anarquista de 15 anos assassinado pela polícia em dezembro de 2008 em Atenas, cuja morte provocou semanas de guerra aberta contra o estado grego.

Nos entristecemos por Sebastián Oversluij – “Angry” – irrefutável anarquista morto em 11 de dezembro de 2013 pelo cão de guarda de um banco enquanto tentava expropriar o dinheiro em Santiago, no Chile.

Ficamos com raiva com a morte na prisão de Kuwasi Balagoon em dezembro de 1986 – ex-Pantera negra, soldado no Exército de Libertação Negra e New Afrikan anarquista.

Queimamos a noite para invocar o espírito de William “Avalon” Rodgers, liberacionista da Terra que cometeu suicídio no Solstício de Inverno de 2005 enquanto estava na prisão por acusações de colocar fogo aos saqueadores da natureza.

Para honrar esses lutadores, não choramos. Nós não simplesmente dobramos nossas mãos e lamentamos a brutalidade do estado contra nossos camaradas. Nós não hesitamos pelo medo de suas mortes. Nós atuamos. Continuamos vivendo suas lutas continuando a lutar. Seja qual for o nosso meio, qualquer que seja o nosso contexto: através da revolta intransigente, os corações de nossos companheiros ainda batem.

Para Alexandros & Angry

Para Kuwasi & Avalon

Por todas as coisas selvagens, paz por peça