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Textos com Etiquetas ‘operação erebo’

Santiago, Chile – Artefato incendiário dentro de ônibus + Reivindicação

2, janeiro, 2018 Sem comentários

Durante a madrugada de 18 de dezembro de 2017, um artefato incendiário é encontrado em ônibus da transantiago da linha 107. Quando o objeto estranho foi localizado, o ônibus para na Alameda com Las Rejas para chamar a polícia.

O artefato teria sido composto por duas garrafas plásticas com combustível, além de um sistema de relógio que não conseguiu se ativar. Junto com o artefato foram encontrados panfletos com “consignas anarquistas”, como apontou a polícia à imprensa.

Finalmente, e após as perícias do GOPE, Labocar e as ameaças por parte do Ministério Público Sul, o frustrado ataque incendiário foi reivindicado fazendo uma chamada por um Dezembro Negro.

Vídeos da imprensa: CHV Noticias, 24 horas

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POR UM DEZEMBRO NEGRO, TENTE VIVER A ANARKIA!

Não acreditamos em suas falácias e idéias de democracias

Não apoiamos seus métodos de controle social e repudiamos a implantação de leis e medidas cautelares que buscam manter nossxs irmãxs atrás dos malditos muros das prisões

Estamos posicionadxs diretamente em frente a toda exploração.

Este mês em que Angry se entregou ao abraço de sua convicção

Saudamos com um uivo de liberdade axs suxs companheirxs e axs suxs familiares

Axs muitxs irmãxs dessxs seres anônimxs que ainda não desistem e que, apesar de estar presxs, seguem dando resistência às suas vidas

POR QUE NADA NEM NINGUÉM SE ESQUECE

Recuperaremos a liberdade e resistiremos até que o último suspiro inunde nossos corações

Afinando nossos fios para um ataque mais certeiro, nos posicionamos todos os dias em qualquer lugar do mundo contra toda autoridade, procurando propagar a idéia da libertação total em todos os cantos. Para que nossos golpes, por diferentes que sejam, levem o planejamento e o cuidado necessários, não lhes dê o gosto axs malditxs que querem nossas vidas sossegadas. Milhões do maldito dinheiro são gastos em “segurança”, xs bastardxs que tentam possuir nossas vidas e idéias e apesar disso de nada servirá. Por mais lágrimas que derramemos, estas são transformadas em combustível que detona nosso bombeante avanço, e que todo o sangue de nossxs irmãxs assassinadxs será vingado, contra o progresso tecno-industrial e toda a máquina que devasta a Terra, a vida de todxs xs animais que em habitamos.

O MUNDO NÃO TEM FRONTEIRA PARA XS QUE AMAMOS E SOMOS CONTRA TUDO O QUE BUSCA NOSSA SUBMISSÃO

Reivindicamos a colocação de um artefato explosivo no ônibus da Transantiago da linha 107 às 04:30 da manhã, na segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Esta ação foi planejada lembrando com amor e raiva nossxs irmãxs sequestradxs, torturadxs e assassinadxs neste espaço chamado Terra.

Nossa coragem vai com todo o desprezo em relação axs malditxs escravxs do estado

Com um sorriso e mais ganas de desafiar nossos avanços, assumimos que, lamentavelmente, a bomba não detonou, já que algumx cidadãx percebeu o conteúdo da mochila e avisou o motorista do ônibus, que respectivamente avisou a bastarda polícia e com ela o show midiático que já conhecemos, esclarecemos que pensamos nesse horário porque muitxs cidadãxs não se mobilizam nesse símbolo do progresso, portanto, vemos esse ato como outra experiência para nossa vida de busca da liberdade.

A idéia de que fosse esse ônibus e esse endereço lembrando TAMARA SOL e sua ação de amor e vingança!

Sebastian Oversluij e Alexandros Grigoropoulos presentes!
SOL ÀS RUAS!
Até derrubar a polícia capanga do estado!
Enquanto existir miséria haverá rebelião!

Uivamos cúmplices axs companheirxs presxs depois da chamada operação “EREBO” no Brasil
Alfredo Cospito, e todxs xs presxs às ruas!

Chéquia – Solidariedade com xs perseguidxs pela Operação Erebo

15, dezembro, 2017 Sem comentários

via Voice Of Anarchopacifists


Há mais de um mês, informamos sobre o lançamento da repressiva “Operação Erebo”, lançada na região do Brasil. A solidariedade não tardou em aparecer. De colocação de faixas, espalhando as informações e organizando discussões sobre este tema e muitas outras atividades. Nós incluímos algumas fotos dessas atividades (que recebemos pelo correio).

POR UM MUNDO SEM ESTADOS E SEM AUTORIDADES!

POR UM MUNDO SEM CIDADÃXS E SEM FRONTEIRAS!

LIBERDADE PARA TODXS! SEMPRE E EM TODAS AS PARTES!

 

 

Brasil – (Vídeo) Operação Erebo – Guerra contra anarquistas

8, dezembro, 2017 Sem comentários

No dia 25 de Outubro de 2017, diversas casas e espaços sociais foram invadidos pela Polícia Civil em Porto Alegre, nos territórios ocupados pelo Estado brasileiro.

Foram aprendidos computadores, faixas, livros e garrafas. O que se seguiu foi uma enorme campanha encabeçada pelo Estado e a mídia corporativa buscando criminalizar ideias e indivíduxs anarquistas.

Muitas pessoas estão respondendo a esse ataque de diferentes formas e com todo o tipo de táticas.

Essa é apenas uma das respostas.

Solidariedade é uma arma!

Uruguai – Solidariedade com xs perseguidxs pela operação Erebo no Brasil

8, dezembro, 2017 Sem comentários

Recebido via correio eletrônico e traduzido.

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Desde 24 de outubro uma nova operação repressiva e de intimidação contra o movimento anti-autoritário e anarquista em geral na cidade de Porto Alegre, atacando casas particulares, centros sociais, ocupações, bibliotecas e espaços anarquistas.

As ações da polícia civil, a imprensa e seu espetáculo midiático também levaram à elaboração da montagem perseguidora com a intenção de gerar medo, isolando as lutas e as solidariedades, gerando o contexto para que se intensifiquem as perseguições, as prepotências e o assédio contra companheirxs e pessoas próximas.

Fazendo novamente uma releitura maliciosa da mitologia grega, é realizada pela polícia civil do estado do Rio Grande do Sul esta operação denominada Erebo, nos últimos acontecimentos de 30 de novembro (novas incursões e buscas) presume-se que a polícia federal também participa das investigações.

Somando-se à perseguição histórica levada a cabo contra as idéias e as práticas anarquistas e anti-autoritárias. Os meios de comunicações dão conta da possibilidade da aplicação da lei antiterrorista recentemente aprovada no Brasil.

Acreditamos que é necessário visibilizar a situação que se está sendo vivida nos espaços sociais e em qualquer lugar que esteja posicionado em resistência.  

Encorajamos a manter-se atentxs aos acontecimentos e se solidarizar com xs compas insubmissxs perseguidxs pelo estado de brasileiro.

Mão estendida axs companheirxs, punho fechado ao inimigo!!
Solidariedade anarquista!!!

Brasil – Últimas atualizações sobre a Operação Érebo em Porto Alegre

5, dezembro, 2017 Sem comentários

Antes que nada, não existem compas detidxs. Esclarecemos isto já que a informação de ontem (04/12) alertou todxs nós porém agora confirmaram que não existe nenhumx compa detidx.

Aproveitamos esta comunicação para informar que as buscas e apreensões continuam em Porto Alegre e na área metropolitana. O fato de que estas buscas não sejam midiatizadas como foi a primeira deixa nos parcialmente desinformadxs. Há compas que tem maior acesso a informação que facilitam solidariamente as noticias o qual ajuda muito. Ainda com isso é importante, e isto vai como autocrítica, não seguir o ritmo imediatista das redes sociais que as vezes provocam uma onda de alarma. Sobretudo em momentos onde há compas que ainda tem que confrontar-se com invasões e onde ainda não sabemos a magnitude do contragolpe estatal.

Também queremos insistir em que esta razia tem suas próprias particularidades mas, enquanto anárquicxs que somos, não precisamos ter (e esperamos não ter) compas detidxs para seguir manifestando nosso abraço solidário.

Desde o Sul…

Algumxs anárquicxs.

Brasil – A caçada contra anarquistas em Porto Alegre continua

1, dezembro, 2017 Sem comentários

via Contra Info

No dia de hoje, 30 de novembro de 2017, a operação policial Erebo novamente atacou axs anarquistas. Invadiram algumas casas, roubando coisas e destroçando tudo que estava no seu caminho. Não sabemos muito bem se há mais espaços invadidos. A comunicação está precária já que não sabemos dos níveis da intervenção policial. E esta vez nada foi difundido na mídia.

Ainda quando a tempestade parecia ter se acalmado e não se tinham detidxs nem informação sobre a operação, temos a certeza de que eles estão nos procurando. A diferença de outras incursões, a operação Erebo parece  vir devagar mas sem pausa.

Nós nos mantemos fortes, decididxs e ainda nestas perseguições, a certeza do amor pela liberdade grita mais forte.
As mostras de apoio e solidariedade não faltam e as diferentes posturas do anarquismo tem se mantido firmes no seu rechaço a autoridade e no seu braço tendido axs companheirxs. Isso nos fortalece.

Que se espalhe a noticia

Braço tendido axs companheirxs, punho fechado aos inimigos!

Procuremos que viva a anarquia!

Córdoba, Argentina – Solidariedade com xs insubmissxs de Porto Alegre

1, dezembro, 2017 Sem comentários

via Insurrection News

De Córdoba à Porto Alegre.

“Rompendo com a apatia.
O fogo da revolta arde.
Solidariedade com xs insubmissxs de Porto Alegre”

Que nada detenha nosso passo firme, nossa solidariedade combativa, nossos gestos cúmplices, nossa afinidade sem fronteiras. Se a terra se move estaremos prontos para dançar sobres os escombros e preparados para os ataques inimigos.

Força e solidariedade com xs compas de Porto Alegre!!!

Algumas gotas de caos.

Brasil – Operação Érebo a terra se move. Agitações e reflexões anárquicas o vento sopra.

19, novembro, 2017 Sem comentários

via Tormentas de Fogo

Operação Érebo a terra se move.

Agitações e reflexões anárquicas o vento sopra.

No amanhecer do dia 25 de outubro de 2017 o tempo fechou para os/as anarquistas de Porto Alegre. A policia Civil com a Operação Érebo pôs em marcha invasões e assaltos televisionados pela mídia local e transmitidos pelos autofalantes do sistema em volume máximo.

A partir desta reação policial, do show e escrache midiático, e da agitação na órbita anarquista mil e uma necessidades, urgências, ideias, impulsos e sentimentos nos atravessaram. Desta reflexão nasceu esta vontade de comunicação. Apontamos nossa determinação contra o inimigo e firmamos o passo com quem faz viver a anarquia em suas posições e práticas.

Nossa natural tendência ao caos.

Somos, existimos e agimos para além do Estado, as leis e a democracia. Procuramos e espalhamos autonomia, mas sabemos que ela não se consegue negociando com o poder1.

Herdeiras/os das lutas pela liberdade e pela terra, dos guerreiros que ainda nos ensinam que se pode existir de várias maneiras para além da sociedade imposta. Sentimos uma inconformidade que persiste e insiste.

Olhando desde esta beira do rio, a democracia é só mais uma forma (atual) em que a civilização domina, mata e tenta apagar formas de existência que vazam da ordem militar e da obediência cega. Ainda mais, essa democracia que se apresenta como “o” valor de moda. E muitos caem cegos, ou ofuscam os olhos pelo seu brilho. Mas quem ama ser livre sabe que é só uma forma de governar e a vida é ingovernável, como os rios que mudam seu andar, como os animais que atacam seus domadores, como os povos que não se “vendem” ao trabalho escravo da sociedade ocidental. Assim a democracia é um ideal incompatível com quem não se deixa governar.

Suas máximas, os direitos, são ferramentas de colonização e de um humanismo que ainda distingue humanos de primeira, segunda, terceira, e mais categorias. Pode alguém defender isso?

Suas punições, as leis, são correntes que alguns adoram, mas que punem e marcam a quem tendo fome rouba e não mendiga.

A negociação com esse mundo é impossível, nossa relação com ele só pode ser o antagonismo2.

Tentam dominar e não podemos deixar de lutar contra isso, sem trégua. Nessa tendência instintiva à liberdade sem regras nem ordem, reconhecemo-nos no caos da anarquia.

A busca por anarquia é por si só um desafio ao poder. Todas as perspectivas da anarquia se propõem a desmantelar as instituições do poder. Podem ter desencontros de como fazê-lo, mas todo anarquista quer os Estados, corporações, suas instituições e valores em ruínas. Disto acreditamos não estarmos enganados. Desta forma o desejo pela anarquia na democracia é por si criminoso.

Não estando no código penal, o anarquismo e a afinidade com ele não são efetivamente crimes. O que nos dá uma margem de ação e deixa mais liberdade para se identificar com ele. Mas a corda dessa liberdade não é muito cumprida.

A chave que desfez o mistério. Plantas exóticas e agitação anárquica.

A ideia de que seres alienígenas chegam trazendo o “mal” é um mecanismo de controle e repressão antigo. Desde a Europa, vários compas anarquistas, expulsos ou foragidos, chegaram neste continente. Aqui eles foram detectados e catalogados como plantas exóticas, inços de ideias e ações perigosas.

Na última década do século XIX os senhores do poder já expulsavam anarquistas considerados nocivos para a “paz social”. Ou seja, seres indomáveis, feras que não se submetiam às leis e à ordem que garantem a exploração. Recordamos de Giuseppe Gallini que junto a outros companheiros agitadores na cidade de São Paulo foram presos e expulsos. Lembramos também de José Saul, expulso da cidade de Pelotas por ser um agitador anarquista. Mesmo destino tiveram vários outros compas anárquicos.

Em 1907, em resposta a crescente agitação social (revoltas, greves, organizações autônomas dos trabalhadores) e a também crescente presença anarquista, o Estado brasileiro endurece as políticas de expulsão contra os indesejáveis. Costurando uma nova fantasia jurídica para seus bailes repressivos, a lei Adolpho Gordo.

Quando os governantes, juízes e policiais afirmam, desde 1800 até agora, que os anarquistas somos plantas exóticas, propiciam sentimentos de xenofobia, e também constroem a imagem de uma suposta “passividade” nativa.

As políticas de expulsão e escrache contra aqueles que trazem a “teoria do caos”3 era e continua sendo um mecanismo de dispersão de encontros combativos. Segundo estas, a agitação anárquica seria exótica e poderia ser arrancada jogando os inços fora do Jardim.

Uma coisa é certa, os e as anarquistas chegaram de barco e continuam chegando por várias trilhas, no entanto, o impulso anárquico e o combate a dominação4 estão nestas terras desde tempos imemoráveis. O desejo de liberdade não tem época, pátria nem fronteiras e, anárquicos como somos, não reconhecemos a repartição do mundo em países, em Estados. A debilidade que teríamos ao pensar o mundo dividido em linhas artificiais nos deixaria doentes, sem a capacidade de reconhecer a terra com seus limites próprios e mutáveis, montanhas, rios, florestas, quebradas.

Assim, também, não reconhecemos que nossos companheiros sejam pertencentes a um ou outro pais, nós somos anarquistas e companheiros pela afinidade que temos em oposição ao controle e dominação. Não temos pátrias nem bandeiras e estamos longe de nos deixar nortear por sentimentos nacionalistas que só paqueram com o fascismo. O mundo é nosso porque com ele somos, e pela terra que habitamos sentimos nojo do progresso.

Além do mais, as ações recolhidas nas Cronologias da Confrontação Anárquica5 estão muito longe de serem alienígenas ou desorientadas dentro do contexto atual do território controlado pelo Estado brasileiro, como podemos constatar.

Os partidos políticos PSDB, PSB, PSD, DEM receberam visitas anárquicas6. O agronegócio, devastador da terra e dos povos, foi atacado com incêndio ao Banco Bradesco, a destruição de mudas de eucalipto e também barricadas incendiarias e bloqueios de estradas em território em luta com a civilização.

Também a militarização da vida foi nitidamente rechaçada com o ataque da Galera do Pixo do Triangulo CAV do Terror ao monumento da louvação da guerra nos arcos da Redenção, com a parcial destruição pelo Grupo de Hostilidades Contra Dominação do monumento do Batalhão de Suez/ONU avôs dos que hoje militarizam o Haiti, e com o ataque dos Vândalos Selvagens Antiautoritários que contribuiu para a retirada do tanque de guerra exposto como monumento na avenida Ipiranga.

Várias dessas ações foram, intuímos, incompreensíveis para a lógica da competição pelo poder. Eram ações que nada pediam nem demandavam. Só agrediam à dominação. Até que apareceu a chave que desfez o mistério (segundo o telejornal Fantástico), as Cronologias da Confrontação Anárquica e a publicação Bem-vindo ao Inferno.

Maldita literatura anarquista!

Os livros que estão na mira da polícia, além de difundir uma idéia, falam de ações reais. Eles coletam e apresentam várias peripécias e ousadias de alguns indomáveis. Vários bandos que bateram contra o que sentiam que oprime. Livros que um amante do controle e da submissão jamais gostaria de ver difundidos. É por isso que estes livros são livros abomináveis para as autoridades, mas também por isso, são livros de alta consistência insubmissa.

Na caminhada anárquica, vários exemplos deste tipo de perseguição literária dentro das democracias vem nos ensinando que escrever sobre a confrontação é tomado como uma afronta pelo poder. A publicação O Prazer Armado, escrito por Alfredo Maria Bonanno, provocou sua detenção na Itália e anos depois sua edição e impressão foi uma das “provas” de acusação contra o companheiro anarquista Spyros Mandylas e a Okupa Nadir na Grécia. No mesmo continente, na Espanha, o livro Contra a democracia foi usado como prova de uma suposta participação em uma organização catalogada como terrorista pelo Estado espanhol, que teve como resultado várias invasões, detenções e operações contra os compas, as quais nos permitiram solidarizar com elas, nos aproximar e nos fortalecer na procura de liberdade e na certeza de que estamos em planos antagônicos de vida, os que amamos a liberdade e aqueles que são capazes de encerrar, isolar, controlar horas de sol e formas de contato.

Ontem como hoje a busca por anarquia impressa em palavras sobre o papel tem sua potência de difusão e inspiração. Pânico para as autoridades de plantão que reagem com agressões assaltos e seqüestros.

Em 1969, no Rio de Janeiro, os militares destruíram e assaltaram o espaço de agitação dos anarquistas, o CEPJO (Centro de Estudos Professor José Oiticica), roubando ainda uma vasta biblioteca na residência do anarquista Ideal Perez. Além de roubarem os escritos originais do livro Nacionalismo e Cultura que estava por editar o anarquista Edgar Rodrigues, o qual para reavê-lo o comprou de volta dos repressores.

Em 1973 em Porto Alegre o DOPS (Departamento de Ordem Político e Social) chefiado pelo delegado Pedro Seelig invadiu a Gráfica Trevo, uma gráfica conduzida por anarquistas que, para além de impressões comerciais, imprimiam os jornais anarquistas que circulavam na época: O Protesto, vendido nas bancas de revistas de Porto Alegre e o jornal Dealbar, editado pelo anarquista Pedro Catalo, difundido em São Paulo. Também imprimiam livros editados por sua editora Proa. Nesta ocasião do assalto policial foram destruídos praticamente toda a impressão do livro O futuro pertence ao socialismo libertário e confiscado originais de futuras edições. Nesta tempestade casas particulares foram destroçadas e vidas foram sadicamente agredidas.

Malditos são nossos livros, jornais, escritos. Malditos somos os que tem a coragem e ousadia de escrevê-los, editá-los, traduzi-los, imprimi-los, difundi-los.

O Estado, a polícia, a democracia …

Não precisa de provas para perseguir anarquistas.

É sabido que nas perseguições a anarquistas não se precisam provas. Os livros foram o único fio que puderam segurar para apontarem a alguns que desde a agitação e propaganda incomodaram.

Sem provas mas não sem justificação, a reação do poder tem sua justificação sim. E essa justificação paradoxalmente é nosso maior sorriso. Saber que alguns bandos anárquicos bateram no poder só pode valorizar nossa posição já que manifesta antagonismo. Se nós nos chamamos anarquistas é porque não admitimos autoridade em nossas vidas nem na terra, assim o antagonismo à ordem imperante é um indicador básico de estar seguindo a trilha que dizemos seguir.

A Operação Érebo “procura dar com os autores dos ataques”, ou seja persegue ações mas parece ir atrás de ideias. Farejando literatura ácrata e pegando amostras das tendências, diversas, da anarquia. Confundindo a propaganda escrita com a propaganda pelo fato.

A propaganda escrita põe em evidencia algo que pareceria que queriam manter em segredo: que o poder pode apanhar dos anarquistas.

Temos claro que se se persegue as posições antiautoritárias é porque não se queimaram bancos, viatura e igrejas por piromania mas pela rejeição ativa e combativa à mercantilização da vida à punição e ao controle. E quando falamos disso não é em tom de denuncia mas como grito de alegria. É ai onde as ideias e afinidades “pesam”. Somos vários, todos, alvos na mira repressiva. Então na tormenta, no olho do furacão, ou flertamos com a passividade sistêmica nos maquiando de leis e direitos ou saímos mais fortes gritando que viva a anarquia contra toda forma de poder.

Luz câmera e ação. O show midiático.

A televisão tem uma força avassaladora no Brasil. É uma referência na vida das pessoas para entender seu entorno, criar prioridades, ter uma posição. Não é um exagero afirmar que a TV adestra as pessoas, manipula vidas, abertamente realiza experiências no comportamento das pessoas a partir dos estímulos que emitem suas ondas, em suas notícias propagandas e novelas.

Quando falamos da TV alinhamos junto seus jornais impressos, faces de um mesmo corpo, como: Zero Hora-RBS.TV/Globo7. Estes junto ao Correio do Povo e SBT8 protagonizaram associados licitamente à polícia a vingança do poder contra os anarquistas.

Se a TV é o controle à distância para os cidadãos saberem quem são os “novos inimigos da paz social”. Para os inimigos, ou seja para nós anarquistas, o show pretende ser o ventilador que espalha o medo. Cenas criadas toscamente como o encapuzado lendo a Cronologia ou os molotovs de garrafa pet e a polícia quebrando portas ao grito de “policia!”, querem mandar o recado da perseguição, querem provocar o medo em nosso bando e ainda em uma investigação que diz ser de sigilo, escracham e deixam em evidencia os “suspeitos”.

Trata-se de um linchamento midiático e certamente para quem não procura diálogo com a ordem social isso tem um peso. Abundam os comentários que se somando ao linchamento pedem fotos dos suspeitos ou reclamam por desvincular suas vidas de algo que uma vez retratado como o “mal” tem que ser banido e afastado para não poluir sua impecável vida cidadã.

Analistas políticos e juristas deram o toque ilustrado para espalhar o medo com “fundamentos”. Os anarquistas podem ou não serem julgados pela lei antiterrorista? Foi o debate apresentado por eles no show. Para além das úteis aulas que deram sobre o tema no Fantástico, mostraram que junto das forças repressivas os sábios da sociedade também colaboram com a criação do novo medo social. Não se trata mais de uma nota policial, agora é um tema social, jurídico, político, filosófico.

Os alcances desta confabulação podem ser maiores, o medo pode calar todo tipo de dissidência. Assim, o show serve para acalmar possíveis protestos e inconformismos com a genocida forma de governar da democracia.

Sabemos que os anarquistas e os povos fora da civilização e marginais tem um antagonismo que ficara depois do show. Mas, as outras dissidências se apressaram em se branquear como obedientes cidadãos? O medo penetrara até os ossos dos que se chamam rebeldes?

Entre nós não. Este texto assim como outras manifestações parecem afirmar o rechaço contra a dominação e não se deixar abater pelo medo.

O show vende e compra. Comprou a premissa no leilão policial da Operação Érebo. E vende. Sabemos que as notícias não são a toa, são jogadas pensadas no tabuleiro da dominação, visando fins específicos. É claro, eles nos dirão serem imparciais, portadores da justa visão dos fatos, da verdade.

Não existe mídia da livre expressão. A associação entre a mídia, polícia e justiça são profundas para punir todos que não dançam sua música.

Anarquistas.

Novembro de 2017.

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Nosso salve pra aquelxs que não deixaram passar o vento sem o sopro da solidariedade:

A aqueles seres que fizeram uma manifestação solidária na grande ilha do Pacifico

Axs compas que mandaram solidariedade desde o outro lado da cordilheira dos Andes.

A compa que mando a poesia para os perseguidos desde a rebelião das palavras

A todxs que não se mantiveram quietxs.

Todas essas ações se fizeram sentir.

1 Distanciamo-nos da ideia de que o poder é bom ou ruim dependendo de quem o exerce. Brindamos com Bakunin “Todo poder corrompe”.

2 Usamos a palavra antagonismo para expressar a incompatibilidade da anarquia com o poder e a dominação.

3 Palavras do delegado Jardim no jornal do almoço na manha do dia 25 de outubro de 2017, tentando definir os/as anarquistas investigados.

4 Tomamos a referência da posição contra a dominação de alguns dos comunicados que reivindicam os ataques que detonaram a Operação Érebo. O combate á dominação, segundo estas ações, não se trata de um antagonismo que priorize uma linha (classe, raça, gênero, defesa da terra), mas de um antagonismo em conflito com isso tudo e ainda mais, contra as sutis e complexas formas de controle e domínio.

5 As Cronologias da Confrontação Anárquica, são dois dos três livros que estão no foco da Operação Érebo.

6 Segundo as Cronologias da Confrontação Anárquica ações de ataque reivindicadas quanto não reivindicadas (conhecidas só pelas notícias) apresentam o princípio anárquico se agem em antagonismo com as instituições do controle e da dominação. Os partidos, neste caso, são os principais contendentes na procura de governar, controlar e mandar na população e no território.

7 A empresa Zero Hora-RBS.TV/Globo no processo instaurado contra o Bloco de Lutas nas agitações de 2013 dispôs até de repórter como testemunha de acusação.

8 Na manhã do dia 25/10/2017 somando-se ao show televisivo o repórter Thiago Zahreddine, da empresa SBT, apresentou a mistura aberrante dos anarquistas investigados como neonazistas, em suas palavras: “Se definem como vândalos de ideologia neonazista afim de enfrentar todo tipo de autoridade”. Tendo em conta a receptividade das pessoas ao que lhes diz a TV, essa aberração vai para além da estupidez do repórter.

Porto Alegre, Brasil – Comunicado da Biblioteca Kaos diante da perseguição contra anarquistas

2, novembro, 2017 Sem comentários

via Tormentas de Fogo

Quando a anarquia incomoda
Comunicado da Biblioteca Kaos diante da perseguição contra anarquistas

Há muitas coisas para falar, mas iremos pelo mais urgente. O 25 de outubro começou uma perseguição anti-anarquista contra a FAG [Federação Anarquista Gaúcha], o Parhesia, a ocupação Pandorga e algumas individualidades que tiveram espaços e moradias invadidas pela polícia. Se não toda, provavelmente uma boa parte da diversidade anarquista foi atingida e várixs deles se pronunciaram desde suas concordâncias, com firmeza, diante da repressão. E isso é vento fresco que fortalece a todo aquele que se sinta em sedição.

Fica evidente que a mira dos agentes da repressão também aponta contra nós, contra as publicações que fizemos ou nas quais participamos. E é sobre isso que vamos a nos pronunciar. A cronologia da Confrontação Anárquica, tanto aquela que recolhe informação desde o 2000 até o 2015, quanto aquela que recolhe o acionar anárquico do 2016, são os livros que estão exibindo como “provas” de vandalismo, ataques, e atos criminosos. Dentre as múltiplas formas de procurar a liberdade que tem o anarquismo, esses livros falam da informalidade anárquica como um opção de acordo com o rosto da dominação atual. Ainda mais, esclarecemos que estes livros falam de ações que não são anarquistas só. O foco dos livros é a difusão de ações anárquicas. Para ser mais precisos, se difundem ações nas quais nós sentimos o aroma da anarquia. E entre o anarquismo e a anarquia há diferenças que podem ser delicadas mas que são importantes.

O instinto anárquico é aquele impulso anti-dominação que pode estar presente em qualquer individualidade ou coletividade, para além dos pertencimentos ideológicos e militâncias políticas. É por isso que nas cronologias incluímos conflitos das populações não ocidentais, a conflitividade nas ruas dentro de protestos mais abrangentes e motivações diversas, ações contra o Estado e o Capital e muito mais. Longe de ir pela teoria, esclarecemos isto já que a perseguição contra os anarquistas não toma em conta estas diferenças procurando achar um bode expiatório para múltiplos eventos que incomodaram aos policias e aos poderosos de sempre.

Surpreende que a polícia, o Delegado Jardim, e a mídia mostram como a grande novidade, fatos que já foram manchete no seu momento e já foram pesquisados pela polícia também, só pelo fato de estarem condensadas em nossas publicações. Nenhum dos livros é uma reivindicação. São livros de uma memória anárquica, com ações e conflitos muito anteriores à existência da Biblioteca Kaos e que com certeza irão continuar para além de nós. A publicação mostra, com alegria e de cabeça erguida sim, a existência de um confronto anárquico que dá resposta à dominação, à devastação da terra e ao ataque contra toda forma de liberdade, mas não reivindica a autoria desses fatos que podem ser colhidos, tal como nós fizemos de várias páginas de internet e jornais locais. E se fizemos essas publicações sabendo do risco que elas apresentavam é porque a insubmissão merece ser defendida, uivada, festejada e gritada por todos os meios possíveis. Jamais acreditaremos nem respeitaremos a obediência que pretendem impor, a submissão e o medo que querem inocular nas pessoas desde que nascem.

Para além disso tudo. As ações que estão nas cronologias são ações de ataque contra a materialidade da dominação. Ou seja contra prédios, carros, máquinas, estradas, vidraças. Coisas. Objetos. Símbolos. A polícia do território controlado pelo estado brasileiro é internacionalmente famosa por ser uma polícia assassina. As operações de pacificação, são chacinas, autênticos massacres, como a da Candelária e a do Carandiru, assim como o assassinato pelas costas de Eltom Brum que até teve uma torcida policial recebendo o assassino. E são eles quem vem a falar de terror, de quadrilhas do mal, de tentativa de homicídio? Mostram um estilingue e tijolos ecológicos como armas, enquanto eles estão de pistola na mão. Falam de terrorismo e quadrilhas do mal enquanto preparam a seguinte invasão contra uma vila ou favela, onde os mortos nem serão mencionados pela mídia. Assim, insignificantes são para eles. Gostaríamos de acreditar que todos se sentem insultados com as provas do Delegado Jardim. Num contexto onde as armas são corriqueiras, tijolos ecológicos apresentados como explosivos é um insulto para qualquer um. Porém, não esquecemos do uso policial do pinho sol como arma (prova) contra Rafael Braga a quem sequestraram até ele pegar tuberculose, ou seja, até sentir que fizeram de tudo para matá-lo.

As repressões contra os anarquistas mostram duas coisas. A primeira que apresentar “terroristas” na tela serve como show para tirar os holofotes dos problemas como a corrupção, o descrédito político-policial e o genocídio devagar mediante reformas econômicas. Que agora tentem resolver fatos do 2013 e persigam um livro e literatura, mostra claramente um uso midiático e espetacular que pretende esconder o crescente ataque contra a população, despolitizar mediante ameaças e espalhar o medo até de ler (práticas evidentemente democráticas).

A segunda coisa que apresenta uma perseguição anti-anarquista é que a anarquia incomoda. Quando falamos da anarquia que incomoda, claramente, não estamos falando de meninos e meninas bem comportados agindo dentro das margens impostas pelo poder, não falamos de pessoas que tem as leis no seus corpos e corações lhes desenhando seus limites de ação. Quando falamos da anarquia que incomoda falamos de uma insubmissão tão forte de pessoas e grupos que tem sido capazes de interromper a normalidade da praça dos poderes, de paralisar a cidade, de quebrar os símbolos da militarização no Haiti, de queimar os veículos que sequestram, e matam arrastando como cavalos da inquisição (Claudia não esquecemos da sua morte).

Os livros da Biblioteca Kaos difundem essa anarquia. A que incomoda. Aquela que responde o embate do agronegócio, da civilização colonizante, da militarização, do ecocídio, da sociedade carcerária… Em palavras mais simples, enquanto a dominação tenta destruir o planeta e todos que eles acham indesejáveis, nós difundimos o que ataca a dominação.

E quando a anarquia incomoda, a reação dos poderosos ameaça e quer farejar o medo. A resposta anarquista e anárquica contra essa perseguição ficará nos nossos corações e ações. O como enfrentamos esta encruzilhada marcará o momento de nosso passo pela trilha da vida em rebeldia.

Força e solidariedade com xs perseguidxs pela operação Érebo.

Biblioteca Anárquica Kaos
Outubro de 2017