Conteúdo dessa edição:
- Portugal – Parque temático e laboratório vivo; o futuro de (duas) cidades?
- Itália – Contra a TAP, vamos bloquear tudo
- Estados Unidos – Um ano fazendo barulho
- Argentina – Para o companheiro anarquista Santiago Maldonado
- Chile – Para ter a visão no inimigo
- Espanha – O absurdo da privacidade e a necessidade de ação
Baixe a edição em inglês, francês ou alemão
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A próxima edição será publicada em fevereiro de 2018. O prazo para contribuições é 01 de fevereiro de 2017 e os textos podem ser enviados para correspondance@riseup.net.
Esta correspondência envolve reflexões sobre experiências de luta, abordagem crítica de projetos antigos e novos, correspondência na situação social geral, reflexões sobre conflitos futuros, propostas com alcance internacional… Textos que já foram publicados em um contexto diferente devem ser acompanhado de uma introdução (longa ou pequena) para inserir o texto no projeto de correspondência.
Debate e comentários:
Também na próxima edição, uma seção da Avalanche será reservada para debates e comentários. Para enviar esses textos para publicação, convidamos xs companheiros a tomar como ponto de partida questões, problemas, perspectivas que surgiram em textos já publicados na Avalanche. A idéia desta seção é oferecer um espaço para o intercâmbio internacional entre anarquistas em luta, aprofundamento de certos aspectos, críticas sobre certas propostas, …
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Editorial
Para desenvolver nossos projetos, para estabelecer uma correspondência internacional, precisamos – entre outras coisas – de persistência. Uma qualidade que muitas vezes não é prestada muita atenção. Como uma borboleta, é comum que muitxs se sintam interessadxs em uma coisa hoje, mais uma coisa amanhã, e mudam para outra coisa novamente, depois de amanhã; o que era interessante já foi esquecido. Esta atitude não tem nada a ver com o que xs marxistas têm sempre caluniado como a impaciência revolucionária dxs anarquistas, que é insistir em que os ataques à ordem existente são possíveis e necessários, tão ruins como as condições “objetivas”.
No entanto, a questão permanece; ao fazê-lo, desenvolve-se uma projetualidade, ou se torna uma mera vítima das circunstâncias em que se veem rebelando, correndo em todas as direções como uma galinha assustada. Não vamos criar ilusões. A corda ao redor de nossa garganta fica cada vez mais apertada – ou, se preferimos essa metáfora, nos encontramos cada vez mais empurrados para as margens, junto com muitas outras pessoas. Vamos persistir com nossas idéias? E, como conseqüência, procurar meios e formas de atacar a reestruturação digital do capitalismo que é incansavelmente empurrado para as universidades, os parlamentos, os laboratórios… avançando, atacando, com o objetivo de destruí-lo. Ou encontraremos em nós mesmxs uma disposição crítica, mas, finalmente, simpática em relação às possibilidades de “cidades inteligentes” e à internet das coisas? Uma pergunta semelhante também pode ser colocada quando se considera o aumento dxs neofascistas. Persistiremos que o fascismo é apenas uma modalidade, entre outros, sobre como governar um estado e administrar o capital e, consequentemente, não apenas apontar para o fascismo, mas também continuar atacando a democracia e, de fato, a própria política, com a intenção de destruí-los? Ou nos contentaremos em defender “o melhor de todos os mundos possíveis” ou “o menos pior”, em pé junto com igrejas, sindicatos e liberais?
Talvez eu coloque muita ênfase na persistência ao considerar essas questões. Assim vai. Certamente, uma projetualidade insurrecional também deve ser capaz de reconhecer quando alguns caminhos devem ser abandonados, ou quando algo não vale mais o esforço. Pode ser devido a condições mais duras, mas ultimamente experimento cada vez mais erosão de princípios: antigxs companheirxs que com orgulho me dizem que foram votantes e assim por diante. De repente, o entupimento no capitalismo, as contradições e os tempos em que não se pode satisfazer as próprias pretensões de coerência, tudo se torna desculpa geral. É claro que é preciso refletir sobre as contradições de alguém, mas também deve-se dizer que a subversão da ordem existente não é uma tarefa fácil que possa ser realizada no tempo entre hoje e amanhã.
Portanto, continuamos a abordar todxs xs anarquistas que se interessam em compartilhar sua projetividade, análise, reflexões, experiências e propostas de luta, que se reconhecem como envolvidxs em um anarquismo combativo que tenta contribuir para um internacional informal sem centro ou hegemonia. Porque insistimos que uma correspondência internacional é necessária para tentar superar as limitações e potencializar suas qualidades. Partindo de lutas locais com o objetivo de criar ruptura, de propostas de intervenção para uma presença anarquista insurrecional em uma revolta social ou de um caminho individual de ataques dispersos, Avalanche é uma tentativa coletiva de aprimorar nossas perspectivas e práticas, contrapondo cada uma delas contra a outra.
Um inimigo do estado, geralmente em algum lugar no território controlado pelo estado austríaco.