Chile – Em memória de Renzo Novatore – iconoclasta, anti-dogmático, individualista, niilista e acima de tudo anarquista
“O mundo é uma igreja petulante voraz e tola onde todos têm um ídolo para adorar como um fetiche e um altar ao qual se sacrifica.” (R. Novatore, O reino dos fantasmas)
O companheiro Renzo Novatore, pseudônimo de Abele Rizieri Ferrari, nasceu em 12 de maio de 1890 em Arcola, cidade italiana localizada na província de La Spezia. Representante do “anarquismo iconoclasta”, lutou com idéias e armas contra o poder até que foi abatido a tiros pelos carabinieri em um tiroteio ocorrido em 29 de novembro de 1922.
Ao ler e analisar as idéias e ações de Renzo Novatore na atualidade, podemos interpretá-lo de várias perspectivas, mas de uma perspectiva anarconiilista podemos reconhecer sua grande contribuição em fortalecer toda a rede de discursos e práticas iconoclastas – individualistas – niilistas – anarquistas.
Entre elas é principalmente a crítica à sociedade (qualquer que seja) como lugar de origem dos vícios da humanidade. Além disso, a interpretação que o companheiro faz emn seus escritos sobre a própria vida como algo a ser amado em seu conjunto de contradições, a prioridade do eu antes de tudo, não como um mero exercício de egocentrismo ou desprezo em relação a/o outrx, mas um pouco como a construção do Ego, o que poderia ser explicado simplesmente como a idéia que hoje conhecemos como “ser você mesmx”, o amor pela natureza, o prazer pela destruição, o despojo de todos os valores morais, e o prazer, sim, o mais puro prazer que nos entrega para o nada.
Porque a relação é direta entre dependência e individualidade, enquanto mais dependente, é menos individual e vice-versa. Desta maneira, o último reduto da liberdade está em cada umx de nós, além e acima de qualquer maioria ou acordo.
“Sob o falso esplendor da civilização democrática, os mais altos valores espirituais caíram em pedaços. A força voluntária, a individualidade bárbara, a arte livre, o heroísmo, o gênio, a poesia, foram objeto de deboche, ridiculizados, caluniados. E não em nome do ‘eu’, mas da ‘coletividade’. Não em nome do ‘único’, mas da ‘sociedade’” (R. Novatore. Para o nada criador)
Estas, sem dúvida, são um conjunto de idéias que podemos reconhecer como grandes contribuições e influências para o caminho pelo qual algumxs -sempre poucxs- transitamos.
Novatore não é apenas o autor de vários escritos teóricos e agitativos, mas também de inúmeras ações e expropriações em sua imparável luta contra toda forma de autoridade. Assim, reconhecendo Novatore como parte de uma história de luta ofensiva contra o poder, é reconhecer nós mesmxs como parte desta história. É fazermos parte da guerra contra toda autoridade e dominação pela destruição de todos os valores morais e para entender x indivídux como parte fundamental do desenvolvimento de nossas vidas como o início de todas as nossas negações e contradições.
Que o nada e o tudo não seja um jogo de palavras bonitas com as quais preencher panfletos e bordões, que, assim como o panfleto e o bordão precisam ser acompanhados de ação para serem coerentes, levemos nossas idéias à prática.
De nada serve o niilismo vazio e passivo, rompamos a tendência anárquica com as práticas niilistas, como uma grande colisão de estrelas em uma noite escura que impulsa caóticamente a conspiração.
Hoje, são muitxs os e as Bruno Filippi e Renzos Novatore que se lançam no futuro das tendências antissociais, do Chile à Grécia e por todos os cantos do mundo a guerra continua…
Até que tudo o que existe seja destruído… pelo triunfo do eu e a derrota do poder!
Renzo Novatore, presente!