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Belo Horizonte, Brasil – Okupa Tudo! – Encontro Libertário

9, janeiro, 2018 Sem comentários


A Kasa Invisível é um espaço autônomo ocupado e autogestionado que abriu suas atividades há mais de um ano no centro de Belo Horizonte (Minas Gerais). A Kasa sofre atualmente uma ameaça iminente de despejo devido a um pedido de reintegração de posse movido pelo proprietário. Neste contexto de urgência que propomos o “OKUPA TUDO! – Encontro Libertário”.
Para estreitar relações com quem temos afinidades!
Para compartilhar questionamentos e conspirar novos planos!
Para abrir a possibilidade de novos encontros!
Para refletir sobre nossas práticas e teorias!
Okupar tudo é um convite para aqueles que ainda lutam contra um sistema que nos esmaga cotidianamente e que tem conduzido o planeta a um abismo.
Queremos nos encontrar com quem constrói ou quer construir alternativas em seu cotidiano, rumo a mundo livre de qualquer dominação.

PROGRAMAÇÃO

*Sábado, 13 de janeiro*

08hs – Abertura da Casa
Durante todo o dia, feira com exposição de publicações independentes e produções livres.
09h30 – Filme e Debate: Montaje Caso Bombas (2013)
12hs – Almoço coletivo
(A casa oferece algo de comida para compartilhar. Traga algo pra fortalecer!)
14hs – Roda de Conversa: “Cidade-anarquitetura” com Rita Velloso
19hs – Pizzada Vegana, cerveja e música

*Domingo, 14 de janeiro*

09hs – Abertura da casa
Durante todo o dia, feira com exposição de publicações independentes e produções livres.
10h30 – Encontro de Coletivos
12hs – Almoço coletivo
(A casa oferece algo de comida para compartilhar. Traga algo pra fortalecer!)
14hs – Roda de Conversa: Perspectivas Anarquistas para 2018
19hs – Pizzada Vegana e cerveja
19h30 – Festa: MASTERp la n o

Quanto?
Entrada franca!
Lembrando que a Kasa Invisível sempre aceita doações para manter e melhorar o espaço.
A Kasa não possuí água encanada por isso POR FAVOR tragam galões de água potável.
O espaço ficará aberto para pessoas que precisem dormir nele durante os dois dias de atividade, tragam colchões.

Onde?
Kasa Invisível
Bias Fortes, 1034
Centro – Belo Horizonte

*DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES*

Documentário: MONTAJE CASO BOMBAS
Muitos estados e governos, protegidos pela impunidade que lhes foi dada pelo exercício do poder, recorreram as montagens como arma política para desacreditar, invalidar e prender seus detratores. Mas o que é uma montagem política e policial? Como é feita? Quem as fazem? Essas perguntas são abordadas por este documentário, desenvolvido de maneira coletiva pelo Canal Barrial 3 do Bairro Yungay, que tem como plano de fundo e principal referência a montagem chamada “Caso bombas”, articulado contra o mundo anarquista e as okupa no Chile da “transição para a democracia”.

CIDADE-ANARQUITETURA
“Não registrados pela história e pela historiografia oficial, os modos de construção comum e ordinária dos povos, com seus próprios conhecimentos locais, materiais e assim por diante, existem apenas na sombra de estruturas de poder espetaculares e cerimoniais.
As cidades não crescem organicamente, é óbvio. Em vez disso, são manifestações físicas de criatividade, conflito, colaboração comunitária e ideologias, valores de uso, expressões e desejos das pessoas. O ambiente urbano é o produto de conhecimentos técnicos, legais e logísticos exercidos de cima para baixo por planejadores, políticos, engenheiros, investidores e desenvolvedores, bem como uma amalgama de espaços vividos produzidos por membros de subculturas e subgrupos que se tornam de de baixo para cima.
Mas se quisermos pensar o urbano desde o anarquismo ou a partir da agência dos habitantes numa espécie de urbanismo “de baixo para cima” vamos do conteúdo das disciplinas da geografia, dos estudos urbanos, da sociologia e da criminologia cultural que para um urbanismo táctil, criativo, guerrilheiro, vernáculo e tático.
Discuto desse modo temas como justiça espacial, ocupações, as remoções, a prática subcultural, a contestação e a transgressão, o urbanismo latino / urbano e o ‘imaginário espacial negro’. Penso a segregação racial e de classe como resultado do poder branco e masculino, e várias encarnações do capital social, simbólico, econômica e cultural quando trazidos à escala do bairro.
Esta fala serve como um exercício de uma pesquisa sobre algo a que poderia mesmo chamar ‘cidade-anarquitetura: urbanismo de baixo para cima’ – desde a produção de pixo, do graffiti e arte de rua até formas ilegais de habitação e manifestações localizadas de insurgência.”
Atividade com Rita de Cássia Lucena Velloso, arquiteta e professora do departamento de Arquitetura da UFMG.

ENCONTRO DE COLETIVOS, GRUPOS E PROJETOS AUTÔNOMOS DE BH
Em um mundo cada vez mais cindido onde podemos nos encontrar? Quais os espaços podemos criar para a convergência de propostas e lutas? O que cada coletivo tem feito? Quais são os dilemas e reflexões que tem vivido? O que tem rolado de interessante?
Queremos gerar um ponto de encontro para nos conhecermos, nos aproximar, nos vermos…
Esse é um chamado aberto a um encontro de coletivos, grupos e projetos autônomos de BH.

PERSPECTIVAS ANARQUISTAS PARA 2018
O cenário de movimentos, coletivos e projetos anarquistas/libertários/autonomistas mudou muito no Brasil desde as insurreições 2013. Um novo tempo de encontros, onde fizemos novas amigas e amigos, novos projetos surgiram, novas relações apareceram e despontaram oportunidades.
Porém tendências políticas autoritárias também ganharam mais visibilidade e presença, inclusive nas ruas.
Soma-se a isso a uma crescente descredibilidade das pessoas em relação a políticos profissionais e formas não-participativas de poder.
Com essa atividade queremos criar um momento de encontro entre grupos, coletivos, projetos e pessoas do cenário autônomo e anarquista da cidade para conversarmos e pensarmos juntas e juntos sobre as perspectivas que podemos ter em relação ao ano de 2018.

MAIS INFORMAÇÕES:
we.riseup.net/casainvisivel

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Rio de Janeiro, Brasil – Rafael Braga permanece preso

14, dezembro, 2017 Sem comentários

via Mídia 1508

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Rafael Braga permanece preso!

Rio de Janeiro, 12.12.2017 | Hoje foi realizado no TJRJ (Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro)  a seção de julgamento  do recurso impetrado pela defesa de Rafael Braga Vieira sobre a sua  absurda condenação de 11 anos e 3 meses por tráfico e associação. Ativistas e apoiadores acreditavam que era um momento importante no  processo do Rafael, no qual havia chances de reverter sua situação, o  que mais uma vez não aconteceu.

Por 2 votos a 1, Rafael permanece preso e sua condenação foi mantida assim como a pena de 11 anos. Apenas  um dos Juízes votou pela absolvição apenas da acusação de associação ao  tráfico, mas foi voto vencido. Como um voto foi divergente da decisão, a  discussão poderá ser levada para outra câmara nos próximos meses.

A repórter fotográfica e ativista Katja Schilirò foi presa por se manifestar contra a decisão. Ela apenas falou aquilo que todos nós sabemos, que o judiciário é uma instituição racista e por isso foi detida. O desembargador Luiz Zveiter pediu respeito à Câmara, a jornalista, com coragem e firmeza, afirmou: “não respeito vocês” e, em
seguida, recebeu voz de prisão.

Os ativistas da campanha afirmam “a luta continua”.

Em breve mais informações.

#LiberdadeParaRafaelBraga #JudiciárioRacista

Momento em que a jornalista é presa durante julgamento de Rafa…

Rio de Janeiro, 12.12.2017 | Momento em que a repórter fotográfica e ativista Katja Schilirò recebe ordem de prisão por se manifestar contra a decisão da manutenção da absurda condenação do jovem Rafael Braga Vieira. A jornalista apenas expressa o seu direito à manifestação e liberdade de expressão.O desembargador Luiz Zveiter pediu respeito à Câmara, a jornalista, com coragem e convicção, afirmou: "não respeito vocês (…) eu não respeito vocês" e, em seguida, recebe voz de prisão.A jornalista foi levada para a carceragem do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e encaminhada à 5°DP, onde foi obrigada a assinar um termo circunstanciado e vai responder em julgamento por desacato. Mas em liberdade. Katja foi liberada ontem à noite. #LiberdadeParaRafaelBragaMais info: http://bit.ly/2BUXqTp* atualizado 13.12

Posted by Mídia1508 on Dienstag, 12. Dezember 2017

São Paulo, Brasil – 1ª Feira de Mulheres Anarquistas

10, dezembro, 2017 Sem comentários

Programação I FDMA em São Paulo

 

10h. Limpeza e organização do espaço
 
11h. [oficina] Tesoura Autodefesa Anarkafeminista
11h. [oficina] Gravidez não desejada

12h. [roda] A lei está contra as mulheres: entendendo a alienação parental – Liga de Defesa das Mulheres
12h. [roda] Luta anti-carcerária, prisões em $ão Paulo e situação das mulheres

13h. [roda] Anarquistas organizacionistas e experiências libertárias no Brasil e no mundo – Roxo e Negro Publicações

14h. [roda] Construção de coletividade entre mulheres anarquistas – Feira de Mulheres Anarquistas e Brejo das Flores

15h. [fala e banda] Fala da Okupa Mauá e Banda Medusa Saravá

16h. [roda] O protagonismo das mulheres na revolução curda e o confederalismo democrático – Comitê Solidariedade Curda do RJ

17h. [roda] Branquitude, anti-racismo e auto-crítica nos movimentos de mulheres anarquistas – Feira de Mulheres Anarquistas
17h. [roda] Cibersegurança e antivigilância

18h. [oficina] Filosofia da tecnociência anarcofeminista
18h. [cine] Eu sou a Próxima – Coletiva Luana Barbosa

19h. [banda] Cortabrisa

20h. Limpeza e organização do espaço

Rodas e oficinas apenas para mulheres.
Feira aberta para geral

Ocupa Mauá – Rua Mauá, 350 – Centro
fdma.noblogs.org

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Brasil – (Vídeo) Operação Erebo – Guerra contra anarquistas

8, dezembro, 2017 Sem comentários

No dia 25 de Outubro de 2017, diversas casas e espaços sociais foram invadidos pela Polícia Civil em Porto Alegre, nos territórios ocupados pelo Estado brasileiro.

Foram aprendidos computadores, faixas, livros e garrafas. O que se seguiu foi uma enorme campanha encabeçada pelo Estado e a mídia corporativa buscando criminalizar ideias e indivíduxs anarquistas.

Muitas pessoas estão respondendo a esse ataque de diferentes formas e com todo o tipo de táticas.

Essa é apenas uma das respostas.

Solidariedade é uma arma!

Brasil – Últimas atualizações sobre a Operação Érebo em Porto Alegre

5, dezembro, 2017 Sem comentários

Antes que nada, não existem compas detidxs. Esclarecemos isto já que a informação de ontem (04/12) alertou todxs nós porém agora confirmaram que não existe nenhumx compa detidx.

Aproveitamos esta comunicação para informar que as buscas e apreensões continuam em Porto Alegre e na área metropolitana. O fato de que estas buscas não sejam midiatizadas como foi a primeira deixa nos parcialmente desinformadxs. Há compas que tem maior acesso a informação que facilitam solidariamente as noticias o qual ajuda muito. Ainda com isso é importante, e isto vai como autocrítica, não seguir o ritmo imediatista das redes sociais que as vezes provocam uma onda de alarma. Sobretudo em momentos onde há compas que ainda tem que confrontar-se com invasões e onde ainda não sabemos a magnitude do contragolpe estatal.

Também queremos insistir em que esta razia tem suas próprias particularidades mas, enquanto anárquicxs que somos, não precisamos ter (e esperamos não ter) compas detidxs para seguir manifestando nosso abraço solidário.

Desde o Sul…

Algumxs anárquicxs.

Brasil – A caçada contra anarquistas em Porto Alegre continua

1, dezembro, 2017 Sem comentários

via Contra Info

No dia de hoje, 30 de novembro de 2017, a operação policial Erebo novamente atacou axs anarquistas. Invadiram algumas casas, roubando coisas e destroçando tudo que estava no seu caminho. Não sabemos muito bem se há mais espaços invadidos. A comunicação está precária já que não sabemos dos níveis da intervenção policial. E esta vez nada foi difundido na mídia.

Ainda quando a tempestade parecia ter se acalmado e não se tinham detidxs nem informação sobre a operação, temos a certeza de que eles estão nos procurando. A diferença de outras incursões, a operação Erebo parece  vir devagar mas sem pausa.

Nós nos mantemos fortes, decididxs e ainda nestas perseguições, a certeza do amor pela liberdade grita mais forte.
As mostras de apoio e solidariedade não faltam e as diferentes posturas do anarquismo tem se mantido firmes no seu rechaço a autoridade e no seu braço tendido axs companheirxs. Isso nos fortalece.

Que se espalhe a noticia

Braço tendido axs companheirxs, punho fechado aos inimigos!

Procuremos que viva a anarquia!

Brasil – Operação Érebo a terra se move. Agitações e reflexões anárquicas o vento sopra.

19, novembro, 2017 Sem comentários

via Tormentas de Fogo

Operação Érebo a terra se move.

Agitações e reflexões anárquicas o vento sopra.

No amanhecer do dia 25 de outubro de 2017 o tempo fechou para os/as anarquistas de Porto Alegre. A policia Civil com a Operação Érebo pôs em marcha invasões e assaltos televisionados pela mídia local e transmitidos pelos autofalantes do sistema em volume máximo.

A partir desta reação policial, do show e escrache midiático, e da agitação na órbita anarquista mil e uma necessidades, urgências, ideias, impulsos e sentimentos nos atravessaram. Desta reflexão nasceu esta vontade de comunicação. Apontamos nossa determinação contra o inimigo e firmamos o passo com quem faz viver a anarquia em suas posições e práticas.

Nossa natural tendência ao caos.

Somos, existimos e agimos para além do Estado, as leis e a democracia. Procuramos e espalhamos autonomia, mas sabemos que ela não se consegue negociando com o poder1.

Herdeiras/os das lutas pela liberdade e pela terra, dos guerreiros que ainda nos ensinam que se pode existir de várias maneiras para além da sociedade imposta. Sentimos uma inconformidade que persiste e insiste.

Olhando desde esta beira do rio, a democracia é só mais uma forma (atual) em que a civilização domina, mata e tenta apagar formas de existência que vazam da ordem militar e da obediência cega. Ainda mais, essa democracia que se apresenta como “o” valor de moda. E muitos caem cegos, ou ofuscam os olhos pelo seu brilho. Mas quem ama ser livre sabe que é só uma forma de governar e a vida é ingovernável, como os rios que mudam seu andar, como os animais que atacam seus domadores, como os povos que não se “vendem” ao trabalho escravo da sociedade ocidental. Assim a democracia é um ideal incompatível com quem não se deixa governar.

Suas máximas, os direitos, são ferramentas de colonização e de um humanismo que ainda distingue humanos de primeira, segunda, terceira, e mais categorias. Pode alguém defender isso?

Suas punições, as leis, são correntes que alguns adoram, mas que punem e marcam a quem tendo fome rouba e não mendiga.

A negociação com esse mundo é impossível, nossa relação com ele só pode ser o antagonismo2.

Tentam dominar e não podemos deixar de lutar contra isso, sem trégua. Nessa tendência instintiva à liberdade sem regras nem ordem, reconhecemo-nos no caos da anarquia.

A busca por anarquia é por si só um desafio ao poder. Todas as perspectivas da anarquia se propõem a desmantelar as instituições do poder. Podem ter desencontros de como fazê-lo, mas todo anarquista quer os Estados, corporações, suas instituições e valores em ruínas. Disto acreditamos não estarmos enganados. Desta forma o desejo pela anarquia na democracia é por si criminoso.

Não estando no código penal, o anarquismo e a afinidade com ele não são efetivamente crimes. O que nos dá uma margem de ação e deixa mais liberdade para se identificar com ele. Mas a corda dessa liberdade não é muito cumprida.

A chave que desfez o mistério. Plantas exóticas e agitação anárquica.

A ideia de que seres alienígenas chegam trazendo o “mal” é um mecanismo de controle e repressão antigo. Desde a Europa, vários compas anarquistas, expulsos ou foragidos, chegaram neste continente. Aqui eles foram detectados e catalogados como plantas exóticas, inços de ideias e ações perigosas.

Na última década do século XIX os senhores do poder já expulsavam anarquistas considerados nocivos para a “paz social”. Ou seja, seres indomáveis, feras que não se submetiam às leis e à ordem que garantem a exploração. Recordamos de Giuseppe Gallini que junto a outros companheiros agitadores na cidade de São Paulo foram presos e expulsos. Lembramos também de José Saul, expulso da cidade de Pelotas por ser um agitador anarquista. Mesmo destino tiveram vários outros compas anárquicos.

Em 1907, em resposta a crescente agitação social (revoltas, greves, organizações autônomas dos trabalhadores) e a também crescente presença anarquista, o Estado brasileiro endurece as políticas de expulsão contra os indesejáveis. Costurando uma nova fantasia jurídica para seus bailes repressivos, a lei Adolpho Gordo.

Quando os governantes, juízes e policiais afirmam, desde 1800 até agora, que os anarquistas somos plantas exóticas, propiciam sentimentos de xenofobia, e também constroem a imagem de uma suposta “passividade” nativa.

As políticas de expulsão e escrache contra aqueles que trazem a “teoria do caos”3 era e continua sendo um mecanismo de dispersão de encontros combativos. Segundo estas, a agitação anárquica seria exótica e poderia ser arrancada jogando os inços fora do Jardim.

Uma coisa é certa, os e as anarquistas chegaram de barco e continuam chegando por várias trilhas, no entanto, o impulso anárquico e o combate a dominação4 estão nestas terras desde tempos imemoráveis. O desejo de liberdade não tem época, pátria nem fronteiras e, anárquicos como somos, não reconhecemos a repartição do mundo em países, em Estados. A debilidade que teríamos ao pensar o mundo dividido em linhas artificiais nos deixaria doentes, sem a capacidade de reconhecer a terra com seus limites próprios e mutáveis, montanhas, rios, florestas, quebradas.

Assim, também, não reconhecemos que nossos companheiros sejam pertencentes a um ou outro pais, nós somos anarquistas e companheiros pela afinidade que temos em oposição ao controle e dominação. Não temos pátrias nem bandeiras e estamos longe de nos deixar nortear por sentimentos nacionalistas que só paqueram com o fascismo. O mundo é nosso porque com ele somos, e pela terra que habitamos sentimos nojo do progresso.

Além do mais, as ações recolhidas nas Cronologias da Confrontação Anárquica5 estão muito longe de serem alienígenas ou desorientadas dentro do contexto atual do território controlado pelo Estado brasileiro, como podemos constatar.

Os partidos políticos PSDB, PSB, PSD, DEM receberam visitas anárquicas6. O agronegócio, devastador da terra e dos povos, foi atacado com incêndio ao Banco Bradesco, a destruição de mudas de eucalipto e também barricadas incendiarias e bloqueios de estradas em território em luta com a civilização.

Também a militarização da vida foi nitidamente rechaçada com o ataque da Galera do Pixo do Triangulo CAV do Terror ao monumento da louvação da guerra nos arcos da Redenção, com a parcial destruição pelo Grupo de Hostilidades Contra Dominação do monumento do Batalhão de Suez/ONU avôs dos que hoje militarizam o Haiti, e com o ataque dos Vândalos Selvagens Antiautoritários que contribuiu para a retirada do tanque de guerra exposto como monumento na avenida Ipiranga.

Várias dessas ações foram, intuímos, incompreensíveis para a lógica da competição pelo poder. Eram ações que nada pediam nem demandavam. Só agrediam à dominação. Até que apareceu a chave que desfez o mistério (segundo o telejornal Fantástico), as Cronologias da Confrontação Anárquica e a publicação Bem-vindo ao Inferno.

Maldita literatura anarquista!

Os livros que estão na mira da polícia, além de difundir uma idéia, falam de ações reais. Eles coletam e apresentam várias peripécias e ousadias de alguns indomáveis. Vários bandos que bateram contra o que sentiam que oprime. Livros que um amante do controle e da submissão jamais gostaria de ver difundidos. É por isso que estes livros são livros abomináveis para as autoridades, mas também por isso, são livros de alta consistência insubmissa.

Na caminhada anárquica, vários exemplos deste tipo de perseguição literária dentro das democracias vem nos ensinando que escrever sobre a confrontação é tomado como uma afronta pelo poder. A publicação O Prazer Armado, escrito por Alfredo Maria Bonanno, provocou sua detenção na Itália e anos depois sua edição e impressão foi uma das “provas” de acusação contra o companheiro anarquista Spyros Mandylas e a Okupa Nadir na Grécia. No mesmo continente, na Espanha, o livro Contra a democracia foi usado como prova de uma suposta participação em uma organização catalogada como terrorista pelo Estado espanhol, que teve como resultado várias invasões, detenções e operações contra os compas, as quais nos permitiram solidarizar com elas, nos aproximar e nos fortalecer na procura de liberdade e na certeza de que estamos em planos antagônicos de vida, os que amamos a liberdade e aqueles que são capazes de encerrar, isolar, controlar horas de sol e formas de contato.

Ontem como hoje a busca por anarquia impressa em palavras sobre o papel tem sua potência de difusão e inspiração. Pânico para as autoridades de plantão que reagem com agressões assaltos e seqüestros.

Em 1969, no Rio de Janeiro, os militares destruíram e assaltaram o espaço de agitação dos anarquistas, o CEPJO (Centro de Estudos Professor José Oiticica), roubando ainda uma vasta biblioteca na residência do anarquista Ideal Perez. Além de roubarem os escritos originais do livro Nacionalismo e Cultura que estava por editar o anarquista Edgar Rodrigues, o qual para reavê-lo o comprou de volta dos repressores.

Em 1973 em Porto Alegre o DOPS (Departamento de Ordem Político e Social) chefiado pelo delegado Pedro Seelig invadiu a Gráfica Trevo, uma gráfica conduzida por anarquistas que, para além de impressões comerciais, imprimiam os jornais anarquistas que circulavam na época: O Protesto, vendido nas bancas de revistas de Porto Alegre e o jornal Dealbar, editado pelo anarquista Pedro Catalo, difundido em São Paulo. Também imprimiam livros editados por sua editora Proa. Nesta ocasião do assalto policial foram destruídos praticamente toda a impressão do livro O futuro pertence ao socialismo libertário e confiscado originais de futuras edições. Nesta tempestade casas particulares foram destroçadas e vidas foram sadicamente agredidas.

Malditos são nossos livros, jornais, escritos. Malditos somos os que tem a coragem e ousadia de escrevê-los, editá-los, traduzi-los, imprimi-los, difundi-los.

O Estado, a polícia, a democracia …

Não precisa de provas para perseguir anarquistas.

É sabido que nas perseguições a anarquistas não se precisam provas. Os livros foram o único fio que puderam segurar para apontarem a alguns que desde a agitação e propaganda incomodaram.

Sem provas mas não sem justificação, a reação do poder tem sua justificação sim. E essa justificação paradoxalmente é nosso maior sorriso. Saber que alguns bandos anárquicos bateram no poder só pode valorizar nossa posição já que manifesta antagonismo. Se nós nos chamamos anarquistas é porque não admitimos autoridade em nossas vidas nem na terra, assim o antagonismo à ordem imperante é um indicador básico de estar seguindo a trilha que dizemos seguir.

A Operação Érebo “procura dar com os autores dos ataques”, ou seja persegue ações mas parece ir atrás de ideias. Farejando literatura ácrata e pegando amostras das tendências, diversas, da anarquia. Confundindo a propaganda escrita com a propaganda pelo fato.

A propaganda escrita põe em evidencia algo que pareceria que queriam manter em segredo: que o poder pode apanhar dos anarquistas.

Temos claro que se se persegue as posições antiautoritárias é porque não se queimaram bancos, viatura e igrejas por piromania mas pela rejeição ativa e combativa à mercantilização da vida à punição e ao controle. E quando falamos disso não é em tom de denuncia mas como grito de alegria. É ai onde as ideias e afinidades “pesam”. Somos vários, todos, alvos na mira repressiva. Então na tormenta, no olho do furacão, ou flertamos com a passividade sistêmica nos maquiando de leis e direitos ou saímos mais fortes gritando que viva a anarquia contra toda forma de poder.

Luz câmera e ação. O show midiático.

A televisão tem uma força avassaladora no Brasil. É uma referência na vida das pessoas para entender seu entorno, criar prioridades, ter uma posição. Não é um exagero afirmar que a TV adestra as pessoas, manipula vidas, abertamente realiza experiências no comportamento das pessoas a partir dos estímulos que emitem suas ondas, em suas notícias propagandas e novelas.

Quando falamos da TV alinhamos junto seus jornais impressos, faces de um mesmo corpo, como: Zero Hora-RBS.TV/Globo7. Estes junto ao Correio do Povo e SBT8 protagonizaram associados licitamente à polícia a vingança do poder contra os anarquistas.

Se a TV é o controle à distância para os cidadãos saberem quem são os “novos inimigos da paz social”. Para os inimigos, ou seja para nós anarquistas, o show pretende ser o ventilador que espalha o medo. Cenas criadas toscamente como o encapuzado lendo a Cronologia ou os molotovs de garrafa pet e a polícia quebrando portas ao grito de “policia!”, querem mandar o recado da perseguição, querem provocar o medo em nosso bando e ainda em uma investigação que diz ser de sigilo, escracham e deixam em evidencia os “suspeitos”.

Trata-se de um linchamento midiático e certamente para quem não procura diálogo com a ordem social isso tem um peso. Abundam os comentários que se somando ao linchamento pedem fotos dos suspeitos ou reclamam por desvincular suas vidas de algo que uma vez retratado como o “mal” tem que ser banido e afastado para não poluir sua impecável vida cidadã.

Analistas políticos e juristas deram o toque ilustrado para espalhar o medo com “fundamentos”. Os anarquistas podem ou não serem julgados pela lei antiterrorista? Foi o debate apresentado por eles no show. Para além das úteis aulas que deram sobre o tema no Fantástico, mostraram que junto das forças repressivas os sábios da sociedade também colaboram com a criação do novo medo social. Não se trata mais de uma nota policial, agora é um tema social, jurídico, político, filosófico.

Os alcances desta confabulação podem ser maiores, o medo pode calar todo tipo de dissidência. Assim, o show serve para acalmar possíveis protestos e inconformismos com a genocida forma de governar da democracia.

Sabemos que os anarquistas e os povos fora da civilização e marginais tem um antagonismo que ficara depois do show. Mas, as outras dissidências se apressaram em se branquear como obedientes cidadãos? O medo penetrara até os ossos dos que se chamam rebeldes?

Entre nós não. Este texto assim como outras manifestações parecem afirmar o rechaço contra a dominação e não se deixar abater pelo medo.

O show vende e compra. Comprou a premissa no leilão policial da Operação Érebo. E vende. Sabemos que as notícias não são a toa, são jogadas pensadas no tabuleiro da dominação, visando fins específicos. É claro, eles nos dirão serem imparciais, portadores da justa visão dos fatos, da verdade.

Não existe mídia da livre expressão. A associação entre a mídia, polícia e justiça são profundas para punir todos que não dançam sua música.

Anarquistas.

Novembro de 2017.

**********

Nosso salve pra aquelxs que não deixaram passar o vento sem o sopro da solidariedade:

A aqueles seres que fizeram uma manifestação solidária na grande ilha do Pacifico

Axs compas que mandaram solidariedade desde o outro lado da cordilheira dos Andes.

A compa que mando a poesia para os perseguidos desde a rebelião das palavras

A todxs que não se mantiveram quietxs.

Todas essas ações se fizeram sentir.

1 Distanciamo-nos da ideia de que o poder é bom ou ruim dependendo de quem o exerce. Brindamos com Bakunin “Todo poder corrompe”.

2 Usamos a palavra antagonismo para expressar a incompatibilidade da anarquia com o poder e a dominação.

3 Palavras do delegado Jardim no jornal do almoço na manha do dia 25 de outubro de 2017, tentando definir os/as anarquistas investigados.

4 Tomamos a referência da posição contra a dominação de alguns dos comunicados que reivindicam os ataques que detonaram a Operação Érebo. O combate á dominação, segundo estas ações, não se trata de um antagonismo que priorize uma linha (classe, raça, gênero, defesa da terra), mas de um antagonismo em conflito com isso tudo e ainda mais, contra as sutis e complexas formas de controle e domínio.

5 As Cronologias da Confrontação Anárquica, são dois dos três livros que estão no foco da Operação Érebo.

6 Segundo as Cronologias da Confrontação Anárquica ações de ataque reivindicadas quanto não reivindicadas (conhecidas só pelas notícias) apresentam o princípio anárquico se agem em antagonismo com as instituições do controle e da dominação. Os partidos, neste caso, são os principais contendentes na procura de governar, controlar e mandar na população e no território.

7 A empresa Zero Hora-RBS.TV/Globo no processo instaurado contra o Bloco de Lutas nas agitações de 2013 dispôs até de repórter como testemunha de acusação.

8 Na manhã do dia 25/10/2017 somando-se ao show televisivo o repórter Thiago Zahreddine, da empresa SBT, apresentou a mistura aberrante dos anarquistas investigados como neonazistas, em suas palavras: “Se definem como vândalos de ideologia neonazista afim de enfrentar todo tipo de autoridade”. Tendo em conta a receptividade das pessoas ao que lhes diz a TV, essa aberração vai para além da estupidez do repórter.

São Paulo, Brasil – VI Festival do Filme Anarquista e Punk

16, novembro, 2017 Sem comentários

Chegamos ao sexto ano do Festival do Filme Anarquista e Punk de SP, com a proposta de visibilizar as produções audiovisuais libertárias e de temáticas relacionadas à contracultura punk e anarquismo, além de pautar o uso dessa importante ferramenta em nossas lutas. Esse ano o Festival vai rolar no Centro de Cultura Social, um espaço autônomo de muita história e contribuição para o anarquismo na cidade.

PROGRAMAÇÃO VI FESTIVAL DO FILME ANARQUISTA E PUNK DE SP
2 e 3 de dezembro, 2017 | Centro de Cultura Social [Rua General Jardim, 253 – sala 22]

BAIXE O CRONOGRAMA EM PDF AQUI

SÁBADO, 2 DE DEZEMBRO

13:30 | 16a2015 – DOOM no Chile + Punky Mauri: Formosamente Violento

16a2015 – DOOM no Chile [Documentário | 43” | 2017 | Basura Existencia | Chile]
Documentário em memória de Fabian, Gaston, Ignacio, Daniel e Robert, mortos durante uma gig onde acontecia a apresentação da banda Doom no Chile. A cada 16 de abril na Alameda 776, punks, amigxs e parentes seguem relembrando-os, e este registro mostra um pouco do que ocorreu naquela fatídica noite, bem como as atividades em memória deles.

Punky Mauri: Formosamente Violento [Documentário | 13” | 2017 | Chile]
Um pequeno registro em memória de Mauricio Morales, anarquista que morreu em 2009 em decorrência da explosão de uma bomba que transportava, e cuja morte foi usada como desculpa para toda uma operação policial de criminalização e montagem contra okupas, anarquistas e punks no Chile. Esta operação, que ficou conhecida como Caso Bombas, foi posteriormente desmontada, ante às inúmeras provas falsas apresentadas pela promotoria.

14:40 | No Gods No Masters Fest 2017 + La Forma: Videofanzine de Contracultura

La Forma: Videofanzine de Contracultura [Documentário | 18” | 2016 | Arlen Herrera | Equador]
Projeto autogestionado e contrainformativo de colaboração conjunta e apoio mútuo, de distintos indivíduos e espaços de Quito, Equador, que em diferentes entornos tem resistido e atuado ali. Este vídeo conta com vários temas dentro da contracultura, como forma de vida, ação, criação e crítica. Partindo de uma crítica comum ao sistema capitalista e a heteronorma imposta, nascem iniciativas e ideias para buscar caminhos diferentes de combatê-la.

No Gods No Masters Fest 2017 [Documentário | 15” | 2017 | Anarco.Filmes | São Paulo/SP]
Autonomia, relações horizontais, faça-você-mesma, senso de comunidade, criação de redes, diálogo, respeito, apoio mútuo… Em imagens, sentidos e palavras, um pouco da segunda edição do No Gods No Masters Fest, em Itanhaém, litoral de São Paulo.

15:20 | Oficina: Um guia prático Anarquista e Punk para uma Autodefesa Digital, por HACKistenZ
Para nós, anarquistas e punks, é mais que necessário nos comunicarmos, de maneira rápida e segura. Pois precisamos planejar ações e fortalecer nossos vínculos e nossa resistência. No entanto, estamos sendo vigiadxs. E pior, estamos sob um tipo de vigilância discreta e silenciosa. Não vemos claramente quem nos vigiam. Pois estes estão muito bem camuflados na internet e até mesmo estão embutidos dentro de nossos computadores e em nossos telefones celulares.

Vivemos em tempos que o combate à vigilância deve ser integrado em nossos hábitos diários. Assim como preparamos nossa comida antes de comê-la, também devemos criptografar nossas informações antes de enviá-las. Assim como escolhemos qual roupa vestir, também devemos nos preocupar com quais softwares usar. Do mesmo jeito que não saímos por ai, pelas ruas, expondo informações sobre nossas vidas e sobre as vidas de compas e de quem amamos para todo o mundo ficar sabendo, também não devemos fazê-lo no ciberespaço.

Se não estamos ainda nos protegendo contra essa vigilância toda, devemos mudar nossos hábitos agora! Mesmo que não consigamos a proteção total, pelo menos dificultaremos a vida de quem nos vigiam. Isto será nossa oficina: “Um guia prático Anarquista e Punk para uma autodefesa digital”. Basicamente discutiremos os seguintes temas, Autonomia diante os softwares, Anonimato na rede, Cypherpunks (criptografia) e Desobediência digital. Cada momento do debate aprenderemos juntxs as ideias fundamentais, quais as principais medidas a serem tomadas por nós, quais programas utilizar e como utilizá-los.

16: 30 | Ovarian Psycos

Ovarian Psycos [Documentário | 72” | 2016 | Joanna Sokolowski e Kate Trumbull-LaValle | EUA]
Pedalando a noite pelas ruas perigosas do leste de Los Angeles, as Ovarian Psycos usam suas bicicletas para confrontar a violência em suas vidas. Guiando o grupo está a fundadora Xela de la X, mãe e poeta M.C., dedicada a recrutar mulheres indígenas e negras para o movimento. O filme conta a história de Xela, mostrando sua luta em encontrar um balanço entre o ativismo e sua filha de 9 anos; de Andi, que distante de sua família caminha em direção à liderança do grupo; e de Evie, quem apesar da pobreza e das preocupações de sua mãe salvadorenha, descobre uma nova confiança.

18:00 | Andale! + She´s a Punk Rocker

Andale [Curta experimental | 4” | 2017 | Canibal Filmes | Palmitos/SC]
Um filme sobre o mundo de hoje, sobre a necessidade de uma revolução, um levante das massas contra os exploradores, para que o sistema financeiro possa ser todo repensado. Uma visão anarquista do caos que necessitamos para essa mudança ocorrer.

She´s a Punk Rocker [Documentário | 67” | 2010 | Zillah Minx | Inglaterra]
Dirigido por Zillah Minx, integrante da banda anarcopunk Rubella Ballet, o documentário retrata um pouco das ideias e histórias de mulheres punks que viveram e participaram da cena punk/squatter inglesa, como Poly Styrene (X-Ray Spex), Eve Libertine e Gee Vaucher (Crass), Olga Orbit (Youth in Asia), entre outras.

DOMINGO, 3 DE DEZEMBRO

13:00 | Dias de Cultura Punk em Fortaleza + Espaço Korpo Sem Órgãos – Autonomia e Autogestão

Dias de Cultura Punk em Fortaleza [Documentário | 30” | 2017 | Kalango | Fortaleza/CE]
A cena punk/anarquista no nordeste sempre teve como forte característica a realização de atividades com apoio e participação de grupos/bandas de diversas localidades da região, unindo esforços, sonhos e movidas. Este ano aconteceu o Dia de Cultura Punk, com atividades em Fortaleza/CE, Natal/RN e Campina Grande/PB. Este documentário é um pequeno registro do que rolou na cidade de Fortaleza.

Espaço Korpo Sem Órgãos – Autonomia e Autogestão [Documentário | 50” | 2017 | Korpo Sem Órgãos | Fortaleza/CE]
Relatos, imagens, experiências e vivências deste espaço okupado e autogerido que resistiu na cidade de Fortaleza/CE, em um documentário feito pelas pessoas que passaram pela casa e contribuiram para sua existência.

14:40 | Mais Amor + Noise and Resistence

Mais Amor [Curta experimental | 4” | 2017 | Biblioteca Terra Livre | São Paulo/SP]
O quanto esse discurso de “mais amor” não esconde uma exigência por passividade e aceitação das desigualdades sociais? Enquanto o capitalismo tortura, pede amor em troca. Enjoados desse falso amor, nos resta exercitar o ódio. É preciso nutrir o ódio de classe. O filme, de maneira tosca e metafórica, propõe uma reflexão sobre essa frase que habita o discurso da manutenção. Mais amor pra quem? Guerra ao sistema!

Noise and Resistence [Documentário | 90” | 2011 | Francesca Araiza Andrade e Julia Ostertag | Alemanha]
Documentário que retrata uma cena política e musical globalmente interconectada, construída a partir de autonomia, solidariedade e da ideia de faça-você-mesma, que declara guerra ao capitalismo e a cultura mainstream. Entre okupas em Barcelona, antifascistas em Moscou, habitantes de parques de trailers autogeridos, garotas de bandas punks suecas, e outros grupos de diversos países, o filme conta um pouco sobre integrantes desta cena, suas motivações, aspirações compartilhadas e ideias de utopia.

16h30 | Debate: A prática do cineclube na era do isolamento digital, com Daniel Fagundes, Sheyla Maria Melo e Gabriel Barcelos
Os cineclubes e mostras surgem como espaços onde as pessoas se reúnem para assistir filmes coletivamente e, muitas vezes, debater e refletir em conjunto sobre as produções e temas que as envolvem. A era da internet, porém, ao mesmo tempo em que possibilitou e facilitou contatos, tem gerado cada vez mais isolamento neste sentido: ao invés de priorizar estes momentos coletivos, o ato de assistir filmes se torna cada vez mais algo para se fazer em computadores pessoais e celulares, muitas vezes individualmente. Como se inserem os cineclubes e sua prática neste contexto?

Sheyla Maria Melo | Co-gestora do grupo Arte Maloqueira, articuladora do projeto Rua de Fazer e do Projeto Comunicação Alternativa, estudante de jornalismo e pedagoga.

Daniel Fagundes | Cinegrafista e Pedagogo, integrante do Núcleo de Comunicação Alternativa.

Gabriel Barcelos | Jornalista sindical, pesquisador, videoativista, ex-organizador da Mostra Luta de Campinas, autor do blog CineMovimento (cinemovimento.wordpress.com)

18:15 | Curdistão: Garotas em Guerra + Caoticidade

Caoticidade [Documentário experimental | 9” | 2017 | Diego Duenhas | São João da Boa Vista/SP]
Documentário experimental que propõe uma abordagem diferente sobre o assunto da gentrificação e seus resultados para as cidades e para as pessoas que vivem nelas.

Curdistão: Garotas em Guerra [Documentário | 53” | 2016 | Mylène Sauloy | França]
O documentário olha para a luta ideológica e militar das mulheres curdas em Rojava, Shengal e Qandil, bem como a história do movimento de mulheres que surge com o PKK. De París a Sinjar, mulheres curdas estão tomando em armas contra o Daesh para defender o seu povo. Um grupo de mulheres que se negam a ser vítimas e se mantêm fortes com outras mulheres que são maltratadas.

*Lançamento do zine #1 do Festival do Filme Anarquista e Punk | Depois de 6 anos organizando o Festival, reunimos no papel um pouco de nossas inquietações, questionamentos e visões sobre audiovisual anarquista, prática e produção de vídeo e o uso dessa ferramenta em nossas lutas para compartilhar e ampliar os debates sobre o tema. O zine estará disponível na banquinha durante os dias do Festival!

*Exposição | Festivais de Filme Anarquista pelo mundo | Já tradicional em todas as edições do Festival, estarão expostas imagens de cartazes de festivais de filme anarquista e punk mundo afora.

*Exposição | Crass e faça-você-mesma nas colagens de Gee Vaucher (Inglaterra) | Exposição de colagens e artes enviadas por Gee Vaucher, artista, ex-integrante da banda inglesa Crass e moradora da comunidade Dial House em Essex/Inglaterra, que foram feitas durante o período de existência da banda para as capas, encartes e materiais produzidos na época.

*Venda de salgados e lanches veganos por No Cruelty Vegan Foods | https://www.facebook.com/nocrueltyfoods

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São Paulo, Brasil – Solidariedade com xs 18 jovens do CCSP

10, novembro, 2017 Sem comentários

No dia 04 de setembro de 2016, 19 jovens e 3 adolescentes foram presos no Centro Cultural São Paulo quando se preparavam para participar pacificamente da manifestação por eleições diretas na Av. Paulista. Entre elxs havia um capitão do exército infiltrado responsável por armar a prisão dos jovens.

Foram levados ao DEIC, onde ficaram ilegalmente detidxs por 30 horas e impedidxs de se comunicar com suas famílias e advogadxs. Essxs jovens estão sendo acusadxs de associação criminosa e corrupção de menores.

NÃO PODEMOS PERMITIR ESSA INJUSTIÇA!

VENHA PARTICIPAR DO ATO EM SOLIDARIEDADE AXS JOVENS!

DIA 10/11, SEXTA-FEIRA ÀS 14 HORAS
Fórum Criminal da Barra Funda
Avenida Doutor Abraão Ribeiro, 313

facebook.com/solidariedadeaos18doccsp
bit.do/manifesto18ccsp

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Porto Alegre, Brasil – Comunicado da Biblioteca Kaos diante da perseguição contra anarquistas

2, novembro, 2017 Sem comentários

via Tormentas de Fogo

Quando a anarquia incomoda
Comunicado da Biblioteca Kaos diante da perseguição contra anarquistas

Há muitas coisas para falar, mas iremos pelo mais urgente. O 25 de outubro começou uma perseguição anti-anarquista contra a FAG [Federação Anarquista Gaúcha], o Parhesia, a ocupação Pandorga e algumas individualidades que tiveram espaços e moradias invadidas pela polícia. Se não toda, provavelmente uma boa parte da diversidade anarquista foi atingida e várixs deles se pronunciaram desde suas concordâncias, com firmeza, diante da repressão. E isso é vento fresco que fortalece a todo aquele que se sinta em sedição.

Fica evidente que a mira dos agentes da repressão também aponta contra nós, contra as publicações que fizemos ou nas quais participamos. E é sobre isso que vamos a nos pronunciar. A cronologia da Confrontação Anárquica, tanto aquela que recolhe informação desde o 2000 até o 2015, quanto aquela que recolhe o acionar anárquico do 2016, são os livros que estão exibindo como “provas” de vandalismo, ataques, e atos criminosos. Dentre as múltiplas formas de procurar a liberdade que tem o anarquismo, esses livros falam da informalidade anárquica como um opção de acordo com o rosto da dominação atual. Ainda mais, esclarecemos que estes livros falam de ações que não são anarquistas só. O foco dos livros é a difusão de ações anárquicas. Para ser mais precisos, se difundem ações nas quais nós sentimos o aroma da anarquia. E entre o anarquismo e a anarquia há diferenças que podem ser delicadas mas que são importantes.

O instinto anárquico é aquele impulso anti-dominação que pode estar presente em qualquer individualidade ou coletividade, para além dos pertencimentos ideológicos e militâncias políticas. É por isso que nas cronologias incluímos conflitos das populações não ocidentais, a conflitividade nas ruas dentro de protestos mais abrangentes e motivações diversas, ações contra o Estado e o Capital e muito mais. Longe de ir pela teoria, esclarecemos isto já que a perseguição contra os anarquistas não toma em conta estas diferenças procurando achar um bode expiatório para múltiplos eventos que incomodaram aos policias e aos poderosos de sempre.

Surpreende que a polícia, o Delegado Jardim, e a mídia mostram como a grande novidade, fatos que já foram manchete no seu momento e já foram pesquisados pela polícia também, só pelo fato de estarem condensadas em nossas publicações. Nenhum dos livros é uma reivindicação. São livros de uma memória anárquica, com ações e conflitos muito anteriores à existência da Biblioteca Kaos e que com certeza irão continuar para além de nós. A publicação mostra, com alegria e de cabeça erguida sim, a existência de um confronto anárquico que dá resposta à dominação, à devastação da terra e ao ataque contra toda forma de liberdade, mas não reivindica a autoria desses fatos que podem ser colhidos, tal como nós fizemos de várias páginas de internet e jornais locais. E se fizemos essas publicações sabendo do risco que elas apresentavam é porque a insubmissão merece ser defendida, uivada, festejada e gritada por todos os meios possíveis. Jamais acreditaremos nem respeitaremos a obediência que pretendem impor, a submissão e o medo que querem inocular nas pessoas desde que nascem.

Para além disso tudo. As ações que estão nas cronologias são ações de ataque contra a materialidade da dominação. Ou seja contra prédios, carros, máquinas, estradas, vidraças. Coisas. Objetos. Símbolos. A polícia do território controlado pelo estado brasileiro é internacionalmente famosa por ser uma polícia assassina. As operações de pacificação, são chacinas, autênticos massacres, como a da Candelária e a do Carandiru, assim como o assassinato pelas costas de Eltom Brum que até teve uma torcida policial recebendo o assassino. E são eles quem vem a falar de terror, de quadrilhas do mal, de tentativa de homicídio? Mostram um estilingue e tijolos ecológicos como armas, enquanto eles estão de pistola na mão. Falam de terrorismo e quadrilhas do mal enquanto preparam a seguinte invasão contra uma vila ou favela, onde os mortos nem serão mencionados pela mídia. Assim, insignificantes são para eles. Gostaríamos de acreditar que todos se sentem insultados com as provas do Delegado Jardim. Num contexto onde as armas são corriqueiras, tijolos ecológicos apresentados como explosivos é um insulto para qualquer um. Porém, não esquecemos do uso policial do pinho sol como arma (prova) contra Rafael Braga a quem sequestraram até ele pegar tuberculose, ou seja, até sentir que fizeram de tudo para matá-lo.

As repressões contra os anarquistas mostram duas coisas. A primeira que apresentar “terroristas” na tela serve como show para tirar os holofotes dos problemas como a corrupção, o descrédito político-policial e o genocídio devagar mediante reformas econômicas. Que agora tentem resolver fatos do 2013 e persigam um livro e literatura, mostra claramente um uso midiático e espetacular que pretende esconder o crescente ataque contra a população, despolitizar mediante ameaças e espalhar o medo até de ler (práticas evidentemente democráticas).

A segunda coisa que apresenta uma perseguição anti-anarquista é que a anarquia incomoda. Quando falamos da anarquia que incomoda, claramente, não estamos falando de meninos e meninas bem comportados agindo dentro das margens impostas pelo poder, não falamos de pessoas que tem as leis no seus corpos e corações lhes desenhando seus limites de ação. Quando falamos da anarquia que incomoda falamos de uma insubmissão tão forte de pessoas e grupos que tem sido capazes de interromper a normalidade da praça dos poderes, de paralisar a cidade, de quebrar os símbolos da militarização no Haiti, de queimar os veículos que sequestram, e matam arrastando como cavalos da inquisição (Claudia não esquecemos da sua morte).

Os livros da Biblioteca Kaos difundem essa anarquia. A que incomoda. Aquela que responde o embate do agronegócio, da civilização colonizante, da militarização, do ecocídio, da sociedade carcerária… Em palavras mais simples, enquanto a dominação tenta destruir o planeta e todos que eles acham indesejáveis, nós difundimos o que ataca a dominação.

E quando a anarquia incomoda, a reação dos poderosos ameaça e quer farejar o medo. A resposta anarquista e anárquica contra essa perseguição ficará nos nossos corações e ações. O como enfrentamos esta encruzilhada marcará o momento de nosso passo pela trilha da vida em rebeldia.

Força e solidariedade com xs perseguidxs pela operação Érebo.

Biblioteca Anárquica Kaos
Outubro de 2017